Quando uma mulher de 29 anos procurou uma clínica oftalmológica no Reino Unido se queixando de olhos muito doloridos, vermelhos e lacrimosos em excesso, os médicos inicialmente suspeitaram de um vírus. Depois, observaram mais de perto e descobriram algo bastante diferente: projeções finas, semelhantes a fios de cabelos, incorporadas à córnea da paciente.
Tão logo os médicos do Hospital Universitário St. James, em Leeds, informaram à paciente sobre o que havia identificado em seus olhos, ela recordou algo que havia acontecido pouco antes que a vista começasse a incomodá-la. Ela estava limpando o tanque de vidro em que vive sua tarântula de estimação quando o animal subitamente lançou "uma nuvem de pelos" que a atingiu no rosto e nos olhos.
Ao que parece, algumas espécies de tarântulas dispõem de uma arma defensiva chamada "pelos urticantes", que podem empregar como defesa quando ameaçadas. Esfregando as patas traseiras contra o abdome, as tarântulas podem lançar uma nuvem desses finos pelos que contam com múltiplas farpas e podem causar forte irritação nos olhos, pele e vias respiratórias de qualquer criatura desafortunada a ponto de se aproximar em demasia.
Os pelos são finos demais para que se possa extrai-los da córnea da paciente, mesmo que por meio de um microfórceps e com a ajuda de um microscópio cirúrgico. Tudo que os médicos puderam fazer em termos de tratamento foi cuidar da infecção ocular por meio de medicamentos anabolizantes. Quase um ano mais tarde, a paciente está muito melhor, mas ainda não se recuperou completamente.
Em um relatório sobre o caso, intitulado "Olhos de Homem-Aranha", publicado pela revista Lancet, os médicos responsáveis pelo tratamento sugeriram que "os criadores de tarântulas deveriam usar óculos de proteção quanto em contato com esses animais".