O novo secretário de Saúde de Cuiabá, Maurélio Ribero, deve passar por diversos problemas para administrar a pasta. Em entrevista ao Olhar Direto, ele compara a forma de administrar ao antecessor e ainda lista diversos desafios a serem superados, dentre eles, as campanhas salariais e a dengue.

Maurélio se reuniu pela primeira vez com os agentes de combate à dengue do município nesta sexta-feira (8), visando se aproximar aos profissionais e também e estimulá-los. O Olhar Direto então aproveitou a situação para ter uma conversa com o atual chefe da pasta, a qual foi, novamente, foco das atenções em 2009 devido as diversas crise, a maior delas a greve dos médicos que durou mais de 70 dias.

Ele é o sexto a ocupar este cargo ao longo da gestão Wilson Santos, [2004 – presente]. A média é de um secretário por ano. Os motivos das seguidas mudanças vão desde desequilíbrios nas finanças, opções políticas e até mesmo desentendimentos graves com a classe médica. 

Médico cirurgião, Maurélio Ribeiro assumiu a Secretaria em dezembro do ano passado, após a saída de Luiz Soares que enfrentou a greve dos cirurgiões do Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC). Soares, que tinha a 'cabeça' colocada a prêmio pelos grevistas, pediu demissão ao ver a categoria receber aumento enquanto os outros servidores continuavam com o mesmo piso salarial.

Questionado sobre as diferenças na forma de administrar, se comparado a Soares, o atual secretário lembrou o fato de ser médico cirurgião, enquanto o antecessor é bacharel em Direito. Para Maurélio, isso muda a forma de enxergar a Saúde e os problemas relacionados à pasta. “Terei uma abordagem diferente. Não digo qual a mais certa [a visão de um médico ou ‘não-médico'], mas é diferente”.

Bom relacionamento

Outro ponto que deve mudar é o relacionamento com os servidores da Saúde. Um exemplo foi justamente o encontro do secretário com os agentes de comunitários, ambientais e coordenadores de campo. Presente desde antes do início do evento, Maurélio se misturava a todos, facilitando o acesso a qualquer um.

Além disso, o cargo de diretor do HPSMC será ‘dividido’ entre dois cirurgiões que participaram ativamente do movimento grevista em 2009: Alberto Bicudo Salomão e Carlos Maranhão. “É importante ter outros médicos comigo. Posso conhecer bem um canal, mas não tenho todas as soluções. Por isso estamos abertos para o diálogo. Aberto a sugestões”, afirmou o secretário.

Luiz Soares era alvo de críticas devido ao modo de se relacionar com os funcionários. O Sindimed-MT (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso) chegou a ‘condecorá-lo’ Persona Non Grata. Entretanto, o prefeito Wilson Santos, em diversas ocasiões, atribuiu a Soares o realinhamento das finanças da Secretaria de Saúde, a qual operou no vermelho em boa parte da gestão do tucano.

A longo prazo

Umas das características que o novo secretário de Saúde quer implantar é o trabalho a médio e longo prazo. “Não quero trabalhar apagando incêndio”, frisou Maurélio Ribeiro. Para ele, é preciso priorizar a atenção básica e os programas de prevenção.

Em se falando em atenção básica, é bom ressaltar que, após o termino das reformas, O HPSMC continuará atendendo apenas urgências e emergências. Todos os demais atendimentos devem ser feitos pelo Programa de Saúde Familiar e nas Policlínicas.

“Transformar o Pronto Socorro em Pronto Socorro é um sonho”, enfatizou o atual secretário. De acordo com ele, desde 1989, quando ingressou no quadro do Pronto Socorro, a idéia é ventilada pelos profissionais da área.

Os desafios

Os vários problemas acumulados na Saúde prometem dificultar o trabalho de Maurélio Ribeiro. Grande parte das categorias que compõe a pasta está em campanha salarial. Eles estariam estimulados pela vitória dos médicos cirurgiões na greve de 2009, tal como previu Luiz Soares antes de abandonar o cargo.

“Temos problemas pela frente”, admitiu Maurélio Ribeiro. “Estamos passando por campanhas salariais e temos muito que resolver”, acrescentou. Segundo Maurélio, os médicos e enfermeiros já tiveram as exigências atendidas. Agora existe uma negociação com os odontólogos e servidores em geral.

Além disso, o novo secretário tem o combate à dengue como primeiro teste. A epidemia, histórica em Mato Grosso, foi amenizada durante algum tempo, mas voltou a preocupar no fim de 2008. De lá para cá, Cuiabá tem sofrido como poucos leitos para atender as vítimas da doença, mas Maurélio chegou ao comando da pasta e descorda desse fato: “Cuiabá tem e estamos prontos para atender um número de pacientes dentro da normalidade”.