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Domingo, 28 de julho de 2024

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Expulso da escola, Danilo Gentili sugere que bons alunos baguncem

Danilo Gentili não lembra quando foi, mas não esquece o motivo que o fez ser expulso da escola, quando era adolescente: "Eu fui expulso porque coloquei uma bomba atrás da porta da classe e corri com o pavio. Ninguém viu e ela estourou no meio da aula".


A pedido da Folha, o humorista deixa uma mensagem para os bons alunos: "Baguncem um pouquinho". Gentili lançou em dezembro o livro "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola" (Panda Books), que entra em maio na sua terceira edição, com cerca de 15 mil exemplares vendidos.

No início deste ano, após o Ministério Público do Estado de São Paulo receber uma reclamação sobre o conteúdo do livro, ficou acordado que a capa passaria a trazer um selo com a recomendação de leitura para maiores de 18 anos.

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O humorista acha que isso não afetará as vendas. Ele só lamenta que nem todas as travessuras que inventou tenham entrado na publicação, como esta: "Eu pegava talco e colocava em todas as pás do ventilador de teto. Aí, quando a professora ia ligar o ventilador, 'nevava' na classe inteira".

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FOLHA - Você era o pior aluno da sala?

DANILO GENTILI - Eu era [o pior aluno] em comportamento. Em nota, tinha até matérias em que eu era muito bom, mas em comportamento eu era um dos piores, com certeza.

FOLHA - No livro você não ensina o aluno a ser burro, mas sim a ser um bagunceiro com classe e inteligência.

GENTILI - O livro ensina a ser esperto, a tirar nota boa sem precisar decorar, por exemplo. Eu acho que o livro também ensina você a se divertir na escola. Tudo o que fiz, eu me divirto só lembrando, quando eu encontro meus amigos. O livro ensina que a escola pode ser um lugar que vai deixar, quando você crescer, lembranças divertidas.

FOLHA - São essas as lembranças que ficam, não?

GENTILI - Quem é que quando encontra o amigo com que estudou fala: "Lembra aquela vez em que a gente fez a prova de matemática, você tirou oito e eu tirei dez?". Ninguém fala isso. As pessoas dizem: "Lembra aquela vez em que a gente colou na prova de matemática, e a professora achou que a cola estava com você, mas estava comigo?". Esse é o tipo de recordação que todo mundo leva da escola.

FOLHA - O livro foi inspirado só em histórias que aconteceram com você?

GENTILI - Aqueles planinhos do fim [ao final do livro, há um adendo chamado "O Grande Livro dos Pequenos Planos", todo ilustrado por Gentili], eu tirei de uma pasta que eu tinha quando estava na escola. Realmente eu fiz todos eles. É lógico que tem coisa em que eu dou uma atualizada, por exemplo, cola com Photoshop, pegar trabalho da internet, isso não tinha [quando eu estudava]. Eu até falo no livro que não tinha isso na minha época. Aí, eu imaginei como eu tiraria proveito disso se tivesse internet na minha época. Mas tem coisa no livro que era da minha época e que a molecada de hoje não sabe o que é, como aquelas musiquinhas do Dunha, do Gererê. São coisas clássicas, as pessoas não podem esquecer.

FOLHA - O selo recomenda o livro para maiores de 18 anos, mas ele foi feito para uma faixa de 10 a 16 anos, mais ou menos.

GENTILI - Acho que o meu é o primeiro livro que é proibido para o seu público-alvo. É como se na Bíblia viesse um selo "proibido para cristãos". Mas eu acho que é melhor, porque quem mais compra coisas proibidas é o menor de 18 anos, [a proibição] é o maior chamariz que existe. Tudo o que é proibido é mais gostoso.

FOLHA - Quando você escreveu o livro?

GENTILI - Na verdade, esse livro foi escrito inconscientemente pelos anos, mas eu formatei tudo no ano passado.

FOLHA - Você era popular na classe?

GENTILI - Eu zoava o cara que era o valentão na escola e por isso eu era popular. Na escola todo mundo gostava de mim e gostava das coisas que eu fazia, porque meu alvo era geralmente o filho da mãe.

FOLHA - Você foi expulso em que ano e por quê?

GENTILI - Eu fui expulso porque coloquei uma bomba atrás da porta da classe e corri com o pavio. Ninguém viu e ela estourou no meio da aula. Acho que estava na sexta ou na sétima série (atuais sétimo e oitavo ano).

FOLHA - Você daria o livro para seus filhos lerem?

GENTILI - Eu? Não, não sei. Ah, daria. Porque eu cresci lendo coisas piores e está tudo bem, nunca matei ninguém.

FOLHA - E você vai brigar com eles se forem maus alunos?

GENTILI - Lógico. Meu papel é brigar, né?

FOLHA - Você vai ensinar essas brincadeiras para eles?

GENTILI - Não, porque eu aprendi sozinho. Na verdade o livro já está ensinando.

FOLHA - O que você diria para os bons alunos de hoje?

GENTILI - Baguncem um pouquinho.

FOLHA - E para os maus?

GENTILI - Tratem bem os alunos bons, porque eles vão ser os seus chefes.

FOLHA - O Marcelo Tas [apresentador do "CQC" e chamado de chefe pelos outros humoristas] era bom aluno?

GENTILI - Não sei. Na época dele já tinha escola?
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