O programa Pânico na TV, da Rede TV!, tem alcançado uma boa audiência nas noites de domingo. Mas seu humor politicamente incorreto tem preocupado especialistas em televisão, por escorregar, com uma freqüência cada vez maior, para o mau gosto. Um dos exemplos é o Pânico Delivery, em que uma equipe do programa vai até um bar “resgatar” alguém que bebeu demais e levá-lo para casa de limusine.

O R7 conversou com o jornalista Ale Rocha, autor de Poltrona, o livro do maior blog brasileiro independente sobre TV, para saber sua opinião sobre o polêmico quadro.

- Este humor do Pânico sempre foi por este caminho, de transgredir e chocar. Eles investem cada vez mais nisso, como no quadro do Bola, em que ele se machuca, por exemplo. Do ponto de vista de ser ou não divertido, confesso que eu dou risada. Mas realmente passa do limite. No caso do Pânico Delivery, passa mesmo a imagem de que você usa o álcool para se sentir incluído. Para ser o escolhido, o destaque, você tem que não ficar alegrinho, mas encher a cara, enfiar o pé na jaca.

O jornalista diz que o que mais preocupa é o fato de o quadro ter como seu maior público adolescentes que não têm idade para beber (menores de 18 anos).

- Pela idade, fica mesmo preocupante. Mas não vejo o programa como o grande culpado. Que o Pânico induz [a consumir álcool], isso sem dúvida: o programa induz. Influencia a molecada, como influenciou, por exemplo, na época do “pedala, Robinho!”. Mas tenho um pouco de medo de cair no politicamente correto.

Ale Rocha acha que o quadro não deve ser tirado do ar, mas que deve haver ressalvas.
- Acho que [durante a exibição] deve haver ressalvas, como as que já existem nas propagandas de bebida alcoólica.

A reportagem procurou a assessoria da Rede TV!, que não quis se pronunciar sobre o assunto.

O Pânico na TV vai ao ar todos os domingos, às 20h30, na Rede TV!