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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

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Zeca Pagodinho diz que não tem medo de morrer ao lançar novo CD

Zeca Pagodinho transformou a coletiva de lançamento de seu novo CD, Vida da minha Vida, nesta quinta-feira (16), no Rio, num bate-papo informal. O principal motivo da conversa, sua música, perdeu força diante das declarações irreverentes do cantor sobre os mais diversos assuntos como política, morte e família.


À vontade no sofá da gravadora Universal, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, ele parecia receber os amigos que frequentam as festanças em seu sítio, em Xerém, na Baixada Fluminense. Antes da entrevista, ele comentou até a fezinha feita no jogo do bicho.

- O cara foi jogar para mim e não voltou até agora. Joguei na sepultura do meu amigo, que acabou de ser enterrado, para me dar sorte.

Da mesma forma que recebeu os repórteres, Zeca mostrou que a gravação de seu CD não foi muito diferente disso.

- Vai quem grava e quem não grava. Tem gente que só vai para beber. O estúdio vira uma escola de samba. Depois que acaba a gravação da base, fica triste. Depois vem a voz, e aí a solidão completa.

E solidão é um assunto detestado por ele. Gaiato, ele disse que não gostaria de morrer sozinho.

- Eu tenho que levar todo mundo também. Imagina, lá em cima, gente tocando harpinha? Quero ir para onde tenha muita bagunça e samba.

Aos 51 anos, o artista anda um pouquinho preocupado com a morte, tema recorrente na entrevista. Nesta quarta-feira (15), ele perdeu um de seus parceiros no samba, Deni de Lima, 49 anos.

- A gente escuta falar de um monte de gente com 50 anos que ficou cega, morreu ou está surda. Perdi um amigo, ele escolheu o caminho que quis. Pegou um atalho e atalho é para chegar primeiro. Não tenho medo de morrer, se eu for para um mundo melhor. Só não pode ir junto a minha mulher, se não vai sujar?

Velhice

Durante a conversa, ele também brincou sobre outra questão que o aflige: envelhecer. Ao comentar sobre a canção feita para o neto, Noah, Orgulho do vovô, ele disse que tirou uma foto de bengala e roupão, ao lado do pequeno, e brincou com a filha, Elisa.

- É para as pessoas perdoarem o que faço, porque estou velho.

Sobre o CD ainda, o músico disse que só grava o que gosta e fez uma pequena crítica à nova geração do samba.

- Tem que se enfeitar menos e cantar mais. Eles deixam de cantar um samba porque tem produtores que acham que não vai emplacar. Eu não vou me pintar de verde, por que querem? Eu não sou marciano. Na época da lambada, me pediram para fazer uma, mas eu não sou lambadeiro!

Brasil

A conversa só perdeu o tom da brincadeira quando Zeca discursou sobre o Brasil.

- Uma coisa é aqui, outra é em Nova Iguaçu, Irajá e em Xerém. Não tem escola, nem hospital. Tudo caô. A criminalidade só aumenta. Nada funciona. Tem um monte de gente com meningite em Xerém. Tenho vergonha. E agora inventaram a lei da cadeirinha? Ela só serve para filho de rico. E se eu tiver um fusca e três filhos? Coloco as cadeirinhas no teto?

Ele também falou indignado da violência no país.

- Aqui é cheio de facção. Pessoas se matam e não sabem nem o motivo. Devia existir uma facção chamada Brasil. Assim funciona. Já falei para o meu filho, que torce pelo Vasco, não se meta em confusão porque você vai chegar em casa e vamos acertar os ponteiros. Vai brigar pelo que presta. Tem um monte de crianças nos sinais.
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