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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

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Diretor de 'Araguaia' contrasta modernidade com tradição do campo

Marcos Schechtman está em alta na Globo. Depois de seu último trabalho em direção, a novela Caminho das Índias, o diretor nitidamente ganhou mais prestígio na casa. E isso foi crucial para que a emissora decidisse inaugurar sua leva de folhetins em alta definição no horário das 18 horas. "A previsão era de que essa faixa só recebesse a tecnologia em 2011, mas percebeu-se que o material de gravações no Araguaia valia o investimento", explicou o diretor. E é justamente na beleza da região e seu contraste com as modernidades trazidas pelos ricos fazendeiros e pelas atividades turísticas que está a grande aposta da história. Mas Schechtman jura que não existem grandes semelhanças com o que foi visto na época em que o autor Benedito Ruy Barbosa e o diretor Jayme Monjardim levaram Pantanal para a tela da Manchete, em 1990, chegando a bater a liderança de audiência da Globo. "São universos diferentes. O Pantanal tem um lado bucólico, uma ancestralidade e arquétipos totalmente rurais. A gente contrasta a natureza linda do Araguaia com a civilização", comparou.


A novela era anteriormente chamada de Girassóis e, depois, teve seu título divulgado como Araguaia. A mudança do nome foi uma estratégia para dar força ao clima épico da história?
Na verdade, a novela sempre se chamou Araguaia. Mas, por uma questão de negociação, a gente precisa colocar um nome provisório. O definitivo não deve ser divulgado enquanto não está confirmado. E dá mesmo essa força, até porque se trata de um épico, sim. Tem toda a mística do Araguaia, a presença indígena fortíssima na região - que foi a última fronteira a ser desbravada pelos bandeirantes. E tem ainda a questão da guerrilha. É um universo muito rico e uma temática bem impressionante.

Como foi o contato com os nativos do Araguaia?
Foi inusitado. Mas engraçado mesmo foi quando peguei um avião para sobrevoar e achar uma fazenda rústica, que servisse de locação para a casa do coronel Max, personagem do Lima Duarte. Depois de umas dez horas, não achava nada. Só o que se via eram mansões no estilo Miami. A gente pousava, ia falar com o gerente e o cara dizia que o patrão estava em Nova Iorque, na Europa, essas coisas. Você encontra pessoas que continuam usando bota, respeitando e adorando o universo rural e ouvindo música sertaneja, sim. Mas que passa a semana nos Estados Unidos, em Paris, que tem influências americanas e europeias. São donos de avião, jet-ski, eles têm de tudo. Foi uma surpresa constatar isso. Achei que fosse encontrar o lado bucólico que víamos em Pantanal e enxergar uma beleza que se aproxima com a de lá, mas é um contexto completamente diferente.

As associações com Pantanal já começaram por parte da crítica. A história do Benedito Ruy Barbosa, que comemorou 20 anos em 2010, serviu de inspiração para vocês?
Não, de jeito nenhum. São universos completamente diferentes. O Pantanal está dentro da dramaturgia - que eu considero brilhante - do Benedito e que tem esse lado bucólico, de raiz, uma ancestralidade e arquétipos totalmente rurais. Araguaia até tem um "quê" disso, apresenta uma natureza muito linda, mas o que a gente faz é um contraste entre essa natureza e a civilização. O que nos interessa é o rio, mas não ele vazio, e sim na cheia, quando as pessoas acampam lá. E isso só acontece na época de julho, mês em que gravamos.

Quantos capítulos vocês gravaram lá?
Não dá para mensurar assim, mas gravamos cenas desde o primeiro até o final da novela. E com várias opções! Nosso grande desafio era trazer o rio para a novela inteira. E ele acaba, só teremos de novo em julho do ano que vem, quando já estivermos fora do ar. Fizemos um sistema de adendos, igual ao que rolou na Índia, quando gravamos Caminho das Índias. No total, são mais de 500 cenas no Araguaia. O cinema trabalha muito nesse sentido. A televisão, até pelo próprio sistema de produção, cria o hábito de se trabalhar continuamente. O que fazemos desde Caminho das Índias é mesclar cenas dessas locações com as de cidade cenográfica. Separar esse material e somá-lo.

Araguaia substitui Escrito nas Estrelas, que já é considerado um dos maiores êxitos do horário nos últimos anos. Isso favorece ou preocupa você?
Acho isso ótimo. É normal a audiência cair um pouco no início, faz parte do ciclo de qualquer novela. Quando uma termina, sempre existe um período de "orfandade" dos telespectadores. As pessoas têm de se acostumar com a história, entrar naquele universo. Mas vir de um sucesso é a melhor coisa possível porque a gente pega uma estrada que já está bem pavimentada.
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