Há menos de seis meses, Tayná Carvalho era uma estudante de Ciências Biológicas na Universidade Federal do Pará, que dividia um quarto com duas primas numa casa de classe média baixa, nunca tinha viajado para o exterior e batalhava a carreira de modelo em Belém. Aí veio a vitória no "Menina Fantástica" e tudo com que a jovem de 18 anos sonhava virou realidade.

Ela se mudou para São Paulo, onde mora com as outras três finalistas do concurso: Ariadine, Vanessa Pooder e Alice. As quatro são grandes amigas e Tayná jura que não há ciúme. "É claro que cada uma queria ganhar. Mas se fosse pra ganhar alguém que não eu, queria que fosse uma das três." Já fez também a primeira viagem internacional, foi à Milão, onde se encontrou com figurões da moda, e saiu com duas metas: aprender inglês e iniciar uma carreira internacional.

"O meu perfil é mais para o exterior, onde não tem tanta gente como eu", opina a modelo com traços e até nome de índio. "Todo mundo fala que eu sou a cara do meu pai com a cor da minha mãe. Os traços indígenas são da minha vó por parte de pai. A parte de mãe é mais africana."

Muita saudade e nenhum namorado
A parte ruim de estar longe é a falta dos pais, Maria Imaculada e Estevan, grandes incentivadores da filha. "A saudade é enorme, mas todo dia minha mãe me liga. Mas não sou de ficar chorando de saudade. Na casa (do Menina Fantástica) não chorei nenhuma vez. Fui a única. Mas acho que é porque as meninas têm namorado e eu não tenho. Namorado você não sabe se vai estar lá quando voltar, já pai e mãe você tem certeza", conta, causando risadas.

Acredite se quiser, Tayná nunca namorou. "Não sei (por que nunca namorei). Acho que nunca surgiu oportunidade. Estava focada na minha carreira e nos meus estudos. Nunca tive muito tempo. E agora, mais focada ainda."

Tanta dedicação deram a Tayná boas notas, a chance de fazer uma Federal (agora trancada) e uma fama de nerd. "Só tirava de oito para cima, nunca fiquei de recuperação na minha vida. Me chamavam de CDF. Estudei muito (pra entrar na faculdade), mas busco muito o conhecimento. Sou do tipo que se tem prova, estuda o mês inteiro." Na escola, Tayná também chamava atenção pelo corpo esguio que, claro, renderam aqueles apelidinhos adolescentes que todas as modelos reclamam. "Me chamavam de cururu maligno. No começo me magoava, mas depois não ligava."

A reputação de menina estudiosa é o "passe" para sair de casa aos 18 anos com total apoio dos pais. "Quando estava em Belém, mesmo quando não era modelo, nunca fui de viver em festa. Sempre fui calminha e até por isso minha mãe confia em mim pra ficar aqui sozinha, longe deles. Não sou uma pessoa que vive em balada, bebe, fuma, não sou assim."



Caminho das pedras
Começo de carreira de modelo não é fácil para ninguém, já confessaram até as mais famosas top models do mundo. Tayná Carvalho sabe disso, mas pegou um atalho e tanto ao ganhar o Menina Fantástica. "Vencer já me ajudou bastante. Mas não é por que ganhei o concurso que as coisas vão acontecer. O mundo de modelo é concorrido, não é fácil pegar trabalho bom. Tenho que ter paciência."

Aliás, a arte milenar da paciência é o conselho que todo mundo deu para essa paraense de 18 anos, que agora sonha em conquistar Milão, Nova York e outros redutos fashion. "A Izabel (Goulart), o Alexandre Herchcovitch, os bookers aqui da agência, todos eles falaram que tem que ter paciência. É um conselho que eu quero levar."

Alessandra Ambrósio, Izabel Goulart e Raica são três das modelos que Tayná se espelha. "São modelos que conseguiram chegar no topo, pelo esforço, pelo desfile, pelo potencial, pelo talento", opina. "A Raica tem um pouco do lado exótico, é a que eu acho mais parecida comigo das que eu citei. A Alessandra é a top, a angel. Izabel eu conheci (era jurada programa) e no dia que teve a primeira eliminatória, ela quase chorou com a gente. Veio contar que começou tarde, com 18 anos, e que ia dar certo para todo mundo."

Bons exemplos e bons conselhos já estão no pacote "Menina Fantástica", agora só falta a pitadinha que só Tayná pode dar. "Sempre tive que batalhar pelas minhas coisas, por que nunca foi fácil. Chegar até aqui foi um sonho, mas eu pretendo chegar muito mais longe."