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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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'Michael' causa desconforto ao levar espectador ao porão de um pedófilo

A competição oficial do Festival de Cannes ganhou neste sábado (14) mais um forte concorrente. "Forte", aliás, é um adjetivo preciso para descrever "Michael", filme sobre um pedófilo de 35 anos que mantém em cativeiro, em sua casa, um garoto de 10, do qual abusa diariamente.


Estreia na direção do austríaco Markus Schleinzer, que trabalhou como diretor de elenco para Michael Haneke no premiado "A fita branca", o longa trata o dificílimo assunto de maneira ao mesmo tempo fria e intimista.

Com uma direção sóbria e econômica, a câmera de Schleinzer acompanha o criminoso em suas tarefas diárias - vai ao trabalho, ao hospital, ao banheiro e, inevitavelmente, entra com ele no quartinho subterrâneo onde mantém o menino há sabe-se lá quanto tempo trancado com pesadas travas de segurança.

As cenas do abuso em si, claro, não são mostradas. Mas a maneira como o diretor vai revelando o comportamento de Michael, interpretado por Michael Fuith, é suficiente para caracterizar o personagem como um "monstro". (No material de divulgação do longa, Schleinzer nega que tenha se inspirado no caso do austríaco Josef Fritzl, que manteve a filha presa por 24 anos, ou em quaisquer outros episódios reais de pedofilia).

Vivido pelo pequeno David Rauchenberg, o menino passa quase todo o filme em silêncio - o que seria perfeitamente plausível em tal situação -, mas traduz com eficiência, apenas nos gestos e reações, um pouco de sua situação de miséria.

Durante toda a projeção, a sensação geral na sala de cinema é de claustrofobia e angústia - o G1 testemunhou espectadores cobrindo os olhos ou mesmo chorando. Como uma espécie de válvula de escape catártica, porém, o diretor rompe vez ou outra com a sobriedade das cenas para se vingar do protagonista e arrancar alguns risos amarelos da plateia quando ele se dá mal.

Um humor bem menos grosseiro, é bom ressaltar, do que o apresentado pelo longa francês "Polisse", exibido esta semana na competição e que também lidar com temas espinhosos como pedofilia, maus tratos e exploração de menores de maneira bem menos contundente.
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