O escritor Paulo Coelho se volta com um olhar crítico sobre o glamour do Festival de Cinema de Cannes, afirmando que os valores importantes se perderam diante da busca incessante pela fama.

A história segue o serial killer Igor, um rico empresário russo, que adota medidas extremas para conseguir ganhar novamente o amor de sua ex-mulher Ewa. A trama é cheia de belas modelos, magnatas do cinema, aspirantes a estrelas e pessoas deslumbradas com esse mundo.

Para Coelho, o livro "não é um thriller, mas um retrato de onde estamos agora".

O autor de "O Alquimista", que tem 61 anos, é um frequentador assíduo do festival e, por isso, resolveu tentar descobrir por que as pessoas se comportam de um jeito diferente em Cannes.

Pessoas dotadas de beleza e dinheiro se dirigem a Riviera francesa todo ano para participar de festas, refletir seriamente sobre que roupa vesti e sonhar em ser considerada a "próxima revelação" no mundo do entretenimento.

"Eu disse 'meu Deus, essas pessoas estão aqui, gastando suas fortunas, e onde está a diversão?' Era essa a minha pergunta", disse Coelho à agência Reuters.

"E por que elas se comportam assim? Esse foi o pontapé inicial para escrever o livro sobre moda, celebridade e valores, porque é um livro também sobre valores", continuou.

Coelho vendeu milhões de livro pelo mundo e "O Alquimista" vai ser adaptado para o cinema, com produção de Harvey Weinstein. "Veronika Decide Morrer" já foi rodado, tem Sarah Michelle Gellar como a protagonista e conta com participação de Alice Braga.

Mas para o escritor, há uma diferença entre ganhar fama e dinheiro por meio de uma profissão como escrever, dirigir e atuar, e querer se tornar apenas uma celebridade. "Hoje, isso se tornou uma espécie de doença", analisa.

"Todos agora querem ser famosos apenas para ser famoso, não porque eles têm algo importante para apresentar ou para dividir".