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Domingo, 28 de julho de 2024

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Repórter do "CQC" atribui violência em jogo a "regionalismo desnecessário"

Na última quarta-feira (1º), o repórter do programa "CQC" Felipe Andreoli foi agredido por torcedores do Internacional, enquanto gravava uma reportagem antes do início da final da Copa do Brasil, em que o time gaúcho jogaria contra o paulista Corinthians no estádio do Beira-Rio, em Porto Alegre.


"É normal que, quando vou gravar, as pessoas queiram aparecer gritando, pulando... Estamos acostumados com isso", conta Andreoli, que se viu numa situação atípica na capital gaúcha.

Segundo relatou à Folha Online, os torcedores do Internacional estavam mais "animados" que o normal e começaram a gritar "corintiano" e "paulista" em tom pejorativo, dirigindo-se ao apresentador.

Andreoli diz que um grupo de 20 torcedores cercou a equipe, puxando sua roupa e agredindo os membros da equipe --o repórter, o cinegrafista e o produtor, que é gaúcho. O repórter afirma que chegou a tomar uma gravata de um dos torcedores.

O tumulto foi controlado por um segurança do Internacional, que levou a equipe do "CQC" para a área de imprensa. Enquanto eram deslocados, Andreoli conta que chegou ao local um grupo de torcedores do time gaúcho que gritava "não vai fazer piada de gay aqui".

Os responsáveis pela agressão não foram identificados, por isso não foi feito nenhum boletim de ocorrência.

Humor e liberdade

"Algumas pessoas acham que, como usamos o humor para fazer jornalismo, podem abusar um pouco mais do que se fosse uma reportagem 'normal'", conta. "Para mim o grande problema foi quando começaram a gritar 'paulista, sai daqui, vai morrer'."

De acordo com o repórter, essa agressão não aconteceu necessariamente por se tratar de um programa de humor, mas que teria sido claramente "um regionalismo desnecessário".

"Depois que tudo aconteceu, entramos no estádio e fizemos a reportagem normalmente. Mas a partir de agora vamos analisar melhor os jogos para definir antes se levamos ou não seguranças para nos proteger. Eu não gostaria de fazer isso", disse Andreoli.

Agressão

No mesmo dia, outro repórter do "CQC", Danilo Gentili, foi agredido, mas longe dos campos de futebol. Ele tentou entrevistar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mas foi derrubado pelos seguranças da presidência do Congresso Nacional, em Brasília.

Na visão de Andreoli, os dois acontecimentos têm em comum "a certeza da impunidade". "Tanto os seguranças quanto os torcedores fizeram o que fizeram pois sabiam que não seriam punidos", pondera.

Por outro lado, o repórter percebe uma certa hostilidade de outros jornalistas quando o "CQC" está em entrevistas coletivas.

"Não posso ser hipócrita, imagino o jornalista cobrindo jogo todo dia e, na hora importante do jogo, chega aquele maluco de terno e gravata e quer jogar na linha. Ou quando está todo mundo esperando por um político, eu chego e o cara some. Eu entendo o lado dos outros jornalistas, pois já estive do outro lado, mas eu também tenho que defender o meu", diz.

Com tanto tumulto, nada mais natural que o "artista" --como é reconhecido e abordado nos estádios-- sinta falta dos tempos em que era um "repórter comum".

"Gosto muito do reconhecimento do público, mas tenho saudades de passar desapercebido na rua", conta o paulista, assumidamente torcedor da Portuguesa, mesmo que muitos apostem que seu time do coração seja o Corinthians, que na ocasião venceu a Copa do Brasil.
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