Ela já deu vida a uma vilãzinha sensual em “Cobras & lagartos”, interpretou Dolores Duran e, em breve, será uma adolescente de favela cheia de marra que se prostitui para sustentar a filha no longa “Sonhos Roubados”, de Sandra Werneck.. Mas em “Viver a Vida”, novela de Manoel Carlos que estreou na segunda, 14, a personagem de Nanda Costa, 22 anos, não carrega nenhum esteriótipo. Soraia é uma menina normal, cheia de sonhos, que está se descobrindo como qualquer jovem de sua idade. Humana, como a atriz gosta de falar.
“Nós ainda não sabemos que caminho ela vai tomar”, diz Nanda, que pela primeira vez trabalha com Manoel Carlos. “As novelas dele não têm aquela coisa fantasiosa. Os personagens são sutis, você tem de trazer a alma, ser simples”.
Mas Nanda até que está confortável com o desafio. Afinal, sua personagem é moradora de Búzios, tem aquela leveza de quem vive na praia, uma energia solar. “Estou me sentindo em casa”, diz a atriz, que morou até os 14 anos em Paraty, litoral sul-fluminense, sua cidade natal.
A atriz e seu cabelão, com apliques para a novela
Foi lá, bem pequenininha, que ela montou sua primeira trupe teatral, em cima do restaurante que sua mãe tinha na cidade. Gordinha e meio desajeitada, Nanda convidava os amiguinhos para montar as peças, mas ninguém embarcava muito no seu sonho de ser atriz. Nem mesmo a mãe que, um dia, para que ela parasse de perturbar, prometeu que quando ela fizesse 14 anos e completasse o antigo ginásio, permitiria que ela fosse para São Paulo estudar teatro.
Não deu outra: aos 14, quase 15, lá ia Nanda, mochila e sonho nas costas, rumo a casa de uma tia, irmã da mãe, que morava na capital paulista. Tudo ia bem, inclusive a bolsa de estudos que lhe permitiu uma vaga no curso de Wolf Maya, até que cinco meses depois da mudança, a tia morreu num acidente de carro.
"Minha professora de Biologia, que tinha uma filha da minha idade, ficou com pena, e deixou que eu ficasse na casa dela até o fim do ano", conta Nanda. "Mas quando o ano chegou ao fim eu precisei tomar uma decisão".
O jeito foi ir morar num pensionato de freiras, que fechava os portões religiosamente às 23h30. Tempo de muita correria. Literalmente. "O curso do Wolf terminava sempre às 23h15, 23h20. Eu levava o tênis numa sacola e ia correndo do curso até o pensionato, para chegar a tempo", lembra Nanda. "Eu chegava com o portão fechando e as freiras sempre davam uma risadinha.
Os tempos paulistanos duraram até o convite para viver Madá, em "Cobras & Lagartos", de 2006. O sucesso da personagem resultou num contrato de três anos com a Globo, seguido de uma participação no filme "Sexo com Amor".
Além de "Sonhos Roubados", há outros dois filmes com Nanda prestes a estrear: "Um Homem Qualquer", previsto ainda para 2009 e incluído na Mostra de Cinema de São Paulo, e "Carmo", dublado, em Madri, pela mesma voz que usam para Penélope Cruz. "Estou quase uma atriz internacional", brinca.
Camaleoa
Provavelmente muita gente vai duvidar que a Soraia de "Viver a Vida" é, na vida real, a mesma pessoa que interpreta Jessica, de "Sonhos Roubados". No longa de Sandra Werneck, que estreia no Festival do Rio, Nanda vai aparecer de dread-locks na cabeça e bem mais gordinha.
"Eu andava com a calça bem justa, dobrada na frente, com a barriguinha aparecendo", conta Nanda, que rodou o filme em novembro e dezembro de 2008.
Para viver Soraia, Nanda emagreceu - sempre que pode ela corre na orla da Lagoa, Zona Sul do Rio -, está malhando e alongou os cabelos com apliques. "Estou cuidando mais da estética, né? Novela na praia, tem que ficar gatinha...", brinca a atriz.
E a gata, está namorando? "Ah, eu gosto de namorar... namoro às vezes", desconversa Nanda. "Escreve assim, ó: bota aí que eu estou focada em viver a vida". Recado dado.
