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Domingo, 28 de julho de 2024

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Papel de músico bêbado pode dar a Jeff Bridges seu primeiro Oscar

Com o olhar perdido, andar cambaleante e a fala arrastada, dá quase para sentir o cheiro de álcool no personagem de Jeff Bridges. Em “Coração louco”, que estreia no Brasil nesta semana, ele interpreta Bad Blake, um cantor de country decadente, que fez sucesso nos anos 70, mas agora cuida de sua turnê sozinho, dirigindo sua própria caminhonete pelas estradas empoeiradas do interior dos EUA.


A atuação é o melhor momento de Bridges, 60 anos, desde o cult “O grande Lebowski”, de 1998. Já premiado pelo papel com o Globo de Ouro, o ator tem agora neste domingo grandes chances de ganhar seu primeiro Oscar – esta é sua quinta indicação ao prêmio. Ainda assim, Bridges quase recusou o personagem. “Quando me ofereceram o papel, não tinham nada decidido na parte musical, que é um aspecto essencial do filme. Pensei que sem a música certa, o filme poderia virar um fiasco”, explica Bridges em entrevista a jornalistas da qual o G1 participou, em Los Angeles.

Foi só quando soube que a trilha ficaria a cargo do amigo e compositor T-Bone Walker (responsável pela música de “E aí meu irmão, cadê você?”, entre outros), que o ator concordou em entrar para o projeto. “Somos velhos amigos, nos conhecemos há uns 30 anos e já tocamos juntos. Sempre fui um grande fã dele. [T-Bone] é um incrível músico e musicólogo. Sua especialidade é a musica country, mas ele conhece um pouco de tudo”, elogia Bridges, que também faz suas próprias músicas, poesias e pinturas. “Em tudo o que eu faço, a abordagem tende a ser a mesma. Eu procuro ser o mais honesto possível.”

Luta contra a bebida
“Coração louco” conta a história de redenção de Bad Blake enquanto luta para abandonar o álcool. No caminho, ele conta com a atenção da jovem jornalista Jean (Maggie Gyllenhaal), do amigo Wayne (Robert Duvall) e de Tommy Sweet (Colin Farrell), um ex-pupilo que virou um mega-astro do country pop dos anos 90, nos moldes de Garth Brooks.

Entre um show e outro, vê-se a vida solitária de Bad e como tudo vai mudando à medida que sua saúde se debilita e ele vai perdendo o controle da própria vida. Sua única companheira no filme é a boa trilha sonora, formada por músicas sobre perdedores e amores perdidos, no estilo do country fora-da-lei de nomes como Waylon Jennings e Willie Nelson, que também inspiraram a criação do protagonista.

"O country é um tipo de música honesta, sobre pessoas que admitem suas falhas e cantam sobre elas. A criatividade de pessoas como Bad surge do sofrimento. Eles pensam: ‘Eu tenho que sofrer para escrever aquele tipo de música’. Mas isso acaba se tornando um circulo vicioso”, reflete Bridges, sem esconder que também já tomou seus porres. “Tive as minhas ressacas. E sei o que isso significa, principalmente o auge da bebida, os altos e baixos, o lado bom e ruim. E sei também do medo não só do fracasso como também do medo do sucesso.”

“Quando você começa a fazer sucesso e todos os seus sonhos começam a se realizar, você se sente no topo. Isso pode te desorientar um pouco, porque você sabe que a única rota que pode brotar disso é o declínio. Então, muitas vezes, quando estamos neste auge, tentamos amortizar essa ascensão, meio que abaixando a crina para tentar fazer com que as coisas aconteçam mais devagar”, explica.

Diferente de seu personagem, no entanto, Bridges se diz mais tranquilo quanto aos efeitos do tempo. “Sessenta anos se passaram num piscar de olhos. Meu pai morreu aos 85 e, daqui a 25 anos, eu estarei com 85. É um pouco assustador sentir que sua mortalidade está próxima de você, mas também te dá certa sensação de realização. Você começar a entender que não existe mais tempo a ser perdido e que precisa realizar as coisas que quer realizar”, conclui.

Entre essas realizações, estava a de voltar a trabalhar com os Coen, que o dirigiram em “O grande Lebowski” e agora voltam a colaborar em “True grit”, previsto para o final deste ano. “Estou bastante empolgado em poder trabalhar com os irmãos novamente. Eles são alguns dos meus cineastas preferidos”, revela.



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