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Domingo, 28 de julho de 2024

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Condenado pela Justiça, Wesley Snipes volta às telas em 'Atraídos pelo crime'

Às voltas com a Justiça americana por acusações de fraude fiscal e afastado das telas desde 2004, quando estrelou o último filme da franquia cult de vampiros "Blade", o ator Wesley Snipes volta aos cinemas em "Atraídos pelo crime", drama policial que estreia esta sexta (2) no Brasil.




No filme de Antoine Fuqua (“Dia de treinamento”), que tem ainda no elenco Richard Gere, Ethan Hawke e Don Cheadle e propõe uma discussão ética sobre como alguns policiais vivem em constante tentação pelo dinheiro de traficantes., Snipes faz o papel de um criminoso.



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Os protagonistas são três policiais do bairro do Brooklyn, em Nova York, que acabam reunidos na cena de um crime e, juntos, devem solucionar o caso. Eddie (Gere) está desanimado com a vida e pronto para se aposentar; Sal (Hawke), frustrado por não poder providenciar uma vida melhor para a família, e Tango (Cheadle) é um investigador disfarçado que trabalha há tempos nas ruas e que protege Caz (Snipes), um chefão do tráfico de drogas.

Em entrevista da qual o G1 participou, Snipes - que é mestre em artes marciais e também praticante de capoeira - conta como superou os momentos dificeis na carreira. “Se eu fui o meu pior inimigo, foi pelo meu amor à arte. Minha família, minha espiritualidade, e meu apreço pelas artes marciais", disse, sem entrar em detalhes sobre seus problemas com a Justiça. "Eu sou um artista até a alma. Respiro e vivo a criatividade. E entendo que existe um lado comercial em nossa profissão. Tive que aprender vivenciando a coisa", contou.

Pergunta- Na sua opinião, qual é a verdadeira mensagem do filme?
Wesley Snipes- Sabe, esses caras ganham muito menos dinheiro do que as pessoas que eles são pagos para proteger. Mas Antonie Fuqua quis fazer esse filme para criar uma certa discussão a respeito de que existem muito mais policiais que se suicidam do que aqueles que morrem em ação. Por que isso acontece? É uma das questões que perguntamos.

Pergunta- E qual seria a solução?
Snipes - Começa, acredito, com a discussão. Temos que mudar os nossos princípios. Sou uma pessoa muito espiritual, e em minha perspectiva, o sistema é reflexo das pessoas que trabalham nele. Se ele não funciona, é culpa das pessoas. Uma solução seria resgatar os princípios dessas pessoas, e, quem sabe, o sistema iria refletir esse resgate.

Pergunta - Você cresceu em Nova York. Como foi filmar no bairro do Brooklyn?
Snipes - Não sei se dá para imaginar como é ser uma criança e assistir a um filme numa tela gigantesca, e imaginar se algum dia você estará naquele filme. E um dia lá está você, filmando naquela mesma vizinhanca, vivendo o seu sonho. Foi absolutamente mágico. Adorei filmar no Brooklyn e poder observar aquelas pessoas reais vivendo suas próprias experiências. Mas o que você vê na tela é só um aspect. O Brooklyn é um vasto bairro com muitas outras coisas que não são mostradas no filme. Existe um verdadeiro renascimento artístico e cultural no bairro. Vários artistas mudaram para lá de Manhattan e do Greenwich Village, e o Brooklyn é hoje um lugar que pulsa com energia criativa.

Pergunta- Você falou de viver um sonho. Atuar era um sonho de criança?
Snipes- Na verdade, não aconteceu bem assim. Eu queria mesmo era ser um dançarino, inspirado em James Brown e Michael Jackson. Fazer o clipe “Bad”, com Michael e Martin Scorsese, foi para mim um dos momentos mais incríveis. Era impressionante o nível do profissionalismo, das performances, da concentração, da atenção e da dedicação. Podíamos estar apenas ensaiando, mas Michael Jackson fazia sua performance sempre como se estivesse pronto para ser filmado. Eu aprendi com ele que é essa a maneira que eu tenho que aparecer num set de filmagens como ator. Quando entro em cena, mesmo ainda nervoso, o meu objetivo é expressar a visão que eu tenho do personagem e fazê-la real, do jeito que planejei. Nem sempre consigo atingir esse objetivo, mas a tentativa de consegui-lo é uma coisa que aprendi com Michael Jackson.


Pergunta- Você e Michael ficaram amigos?
Snipes - Nós tivemos muitas, muitas conversas. Michael Jackson era muito profundo, e tinha um lado complexo que muita gente jamais pôde conhecer. Nos encontramos em vários dos lugares mais estranhos do planeta, como em Sun City, na África do Sul. Aconteceu de ele e eu estarmos no mesmo lugar. Três horas mais tarde, nós tínhamos discutido todos os livros que ele colocou no chão, tudo o que voce possa imaginar, de Sri Aurobindo à autobiografia do Malcolm X. Eu perguntei: você lê tudo isso ou são presentes que você ganhou? E ele: eu leio tudo. Ele era incrível!


Pergunta- Fazendo um balanço da sua carreira, como acha que se saiu? Em determinado momento, você era muito popular, depois sua carreira deu uma estagnada. Muita gente achou que você tinha temperamento difícil, que não fazia o jogo dos estúdios. Acha que se tornou seu próprio inimigo?
Snipes - Nós que fazemos filmes sabemos que ele é um esforço coletivo. Existem muitas partes interessadas e muitas das pessoas têm interesses pessoais nessa indústria. Nós artistas geralmente não temos a educação necessária para entender esses interesses e funcionamos como uma espécie de marionete na mão dessas pessoas. Hoje eu entendo muito melhor esse lado do jogo. Se eu fui o meu pior inimigo, foi pelo meu amor à arte. Eu gosto de fazer um trabalho de qualidade. Eu tenho problemas com pessoas que não se importam com a qualidade do trabalho e que se aproveitam e exploram esse meio tão bonito que é o cinema apenas para tirar vantagem e explorar artistas talentosos. Se eu criei certos problemas nessa indústria é porque, no final das contas, eu era um artista antes de chegar a Hollywood. E serei sempre um artista. Eu posso atuar em qualquer parte do mundo, e esse é um dom especial que Deus me deu.


Pergunta - Quem ou o que o ajudou nos tempos difíceis?
Snipes - Minha família, minha espiritualidade, meu apreço pelas artes marciais. Tudo isso me ajudou imensamente, assim como meu amor pela arte. Eu sou um artista atá a alma. Eu respiro e vivo a criatividade. Eu entendo que existe um lado comercial em nossa profissão, e hoje entendo muito mais sobre esse lado. Eu tive que aprender vivenciando a coisa. Hoje eu entendo os interesses dos estúdios, das agências de talento. Mas se eu não puder fazer um filme aqui, vou trabalhar em outro lugar, e até em outro idioma. Essa é a maneira que vejo a coisa.


Pergunta- Sei que sua esposa (a artista coreana Nikki Park) tambem é expert em artes marciais. Quem luta melhor? E você ainda treina capoeira?
Snipes - Ela é melhor (risos). Ela é incrível. Minha rainha teve quarto filhos de parto natural. Todos nossos filhos nasceram em casa. E depois do nascimento de nosso segundo filho, ela voltou a treinar artes marciai, conquistou a faixa preta no Tai Kwon Do, e agora está no segundo nível da capoeira. Todos nossos filhos, incluindo meu caçuula de três anos, treinam capoeira. Então, quando chego em casa, todo mundo está dando cambalhotas no ar (risos). Tenho que me preocupar com isso, pois quando estou trabalhando, não tenho tempo para treinar e eles estão ficando cada vez melhores que o pai deles (risos). Mas o filme vem aí (risos). Eu tive uma ideia e estou preparando uma comédia sobre uma família envolvida em artes marciais que será chamada “Master daddy” [Mestre papai, em tradução literal].


Pergunta - O que você acha da atual onda de fimes de vampiros? Pensa em fazer um outro ‘Blade’?
Snipes - Talvez, estou ainda em forma, ainda posso me mover bem (risos), ainda estou saudável. Fico impressionado com essa nova onda de filmes de vampiros e acho que tivemos, com “Blade”, uma certa influência nela. Quem sabe não fazemos um filme novo?



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