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Quarta-feira, 14 de agosto de 2024

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Gilmar X imprensa

Para Mendes, imprensa tornou-se "opressiva" e "chantagista"

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Gilmar X imprensa
Durante seu voto na sessão que negou habeas corpus ao ex-presidente Lula, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o mato-grossense Gilmar Mendes criticou a imprensa jurídica, com destaque para as publicações de Folha de São Paulo e da Rede Globo. Segundo Mendes, a “mídia” tornou-se “opressiva”. “Se nós tivermos que decidir causas como essas porque a mídia quer esse ou aquele resultado, é melhor nos demitirmos e irmos para casa.” Resume o que ele chama de “chantagem”. “É como se dissesse: se vocês se comportassem, a gente não publicaria isso. Num regime democrático, isso não se pode fazer”. O ministro culpou o Partido dos Trabalhadores (PT) pela “maléfica” relação entre imprensa e justiça. “Nós devemos muito desse quadro hoje de intolerância do país à prática que o PT desenvolveu, ao longo dos anos, de intolerância, de ataque às pessoas”. À bem da verdade, o mato-grossense tem um histórico de “farpas” trocadas com a imprensa. Em 2015, ele venceu uma ação por danos morais movida contra o jornalista Paulo Henrique Amorim, recebendo dele R$ 50 mil. Amorim teria lhe atacado em seu blog “Conversa Afiada”. A crítica, embora carregada de “bílis, ódio e mal secreto”, como adjetiva seu colega Luiz Barroso, é valida. A imprensa precisa estudar e ajustar o tom para cobrir corretamente determinado fato jurídico (sobretudo de grande importância, como o HC de Lula). Justiça não é futebol e noticiá-la não é fácil, nem simples (por isso mesmo, visionário, Olhar Direto fundou o site Olhar Jurídico). Por outro lado, é necessário questionar Mendes: como a justiça tem lidado com a imprensa? Como a justiça tem se posicionado perante a sociedade? Vale parafraseá-lo, com a devida vênia: “Se tivermos que noticiar fatos de determinada forma porque juízes e ministros querem se proteger desta ou daquela crítica, é melhor nos demitirmos e irmos para casa”.


ABI (Associação Brasileira de Imprensa) criticou as declarações de Gilmar Mendes:

"A Associação Brasileira de Imprensa repele a acusação infamante de chantagem e intimidação que o Ministro Gilmar Mendes lançou sobre os jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Rede Globo, durante a sessão do Supremo Tribunal Federal que julgou o habeas corpus do ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva. O mínimo que se pode exigir de um membro do STF é que ele tenha recato de linguagem, coerência de princípios, clareza de exposição e equilíbrio emocional. O STF não pode agasalhar comportamentos histriônicos, incompatíveis com o Estado Democrático de Direito. A ABI não reconhece também no Ministro Gilmar Mendes autoridade moral para dar lições de jornalismo à imprensa brasileira. Os ataques à sua pessoa não podem ser creditados exclusivamente aos veículos de comunicação. A raiz dessas ofensas, talvez esteja nas suas constantes manifestações pouco ortodoxas que tanto alimentam o chamado “sentimento das ruas”. Elas acabam sempre despertando ódios e paixões por onde Sua Excelência caminha, sem a proteção da toga, quando se apresenta como um cidadão comum".
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