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Domingo, 21 de julho de 2024

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RS: debate entre senadores é marcado por "críticas elegantes"

Defesa da liberdade de imprensa, promessas de luta pela reforma tributária e pelo corte nos gastos do Senado, elogios aos empresários, referências às próprias biografias e críticas elegantes aos adversários marcaram o debate realizado no início da tarde desta quarta-feira (22), entre os três principais candidatos ao Senado no Rio Grande do Sul. Ana Amélia Lemos (PP), Germano Rigotto (PMDB) e o senador Paulo Paim (PT) - que disputa a reeleição -, debateram por uma hora e meia para uma plateia de empresários na sede da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do RS (Federasul).


Neste ano em que os eleitores devem votar em dois candidatos ao Senado, a disputa no Rio Grande do Sul é tão acirrada que os debates, em pleitos passados quase que um privilégio dos postulantes ao governo, passaram a fazer parte da agenda dos candidatos a senadores. Ana Amélia, Rigotto e Paim sabem o quanto a disputa é difícil.

Considerada a novidade da eleição, a progressista, que antes de ser candidata era jornalista e construiu uma carreira sólida dentro do Grupo RBS - ela atuou por mais de 20 anos em Brasília -, assumiu a dianteira nas pesquisas de intenções de votos, obrigando Paim e Rigotto a novos movimentos.

"Quem já se decidiu por mim, ótimo. Quem decidir pela Ana Amélia, me dê o segundo voto. E quem optar pelo Paim, me dê o segundo voto também", disparou Rigotto em suas considerações finais durante o debate. Enquanto ele falava, Ana Amélia sorria e apontava para si própria, indicando que também queria o segundo voto dos concorrentes. Mais discreto, Paim optou por não pedir votos diretamente. Ao invés disso, destacou as realizações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes, quando se apresentou, o candidato do PT disse ter orgulho de ser o senador "dos aposentados, dos idosos, da igualdade racial, das pessoas com deficiência", em alusão aos projetos de sua autoria. "Levei o social para dentro do Senado e faria tudo de novo". Mas, diante da plateia de empresários, fez uma ressalva: "a impressão que passa é que o Paim não se preocupa com os empreendedores. Então, com autorização das empresas, vou dar alguns exemplos". Em seguida, citou uma lista de empresas ou setores que teriam tido pleitos atendidos em Brasília com sua intermediação.

Rigotto seguiu uma estratégia semelhante. Lembrou à plateia conquistas obtidas na época em que foi governador (entre 2003 e 2007). De quebra, deu algumas estocadas na administração da tucana Yeda Crusius, que o sucedeu e agora disputa a reeleição e tem como uma das principais metas o ajuste fiscal e o equilíbrio das contas do Estado. "Implantamos a nota fiscal eletrônica, o pregão eletrônico, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) eletrônico. Mas eu não fiz marketing disso. Eu não tinha dinheiro para fazer marketing. O Simples Gaúcho era a melhor legislação do Brasil para as micro e as pequenas empresas, mas foi derrubado pelo Super Simples. Houve estados que mantiveram a legislação estadual", afirmou.

Já Ana Amélia deixou evidente o discurso que a tem colocado em primeiro lugar na preferência dos eleitores. Em diferentes momentos, a candidata assinalou que terá coragem para lutar por mudanças em Brasília (DF). As frases fortes e os termos coragem e mudança têm sido uma constante em suas manifestações e agradam o eleitorado porque fazem parte de uma espécie de ideal gaúcho. "O problema do Brasil, como já disseram, é que ele é mal auditado", resumiu a progressista em sua apresentação. Depois, a candidata falou sobre empresas do Estado, que fazem ampliações, mas não recebem os mesmos incentivos das que vêm de fora e arrancou aplausos da plateia.

A saia justa da tarde ficou por conta da pergunta sobre o que, caso eleitos, os candidatos pretendem fazer para o Senado se tornar mais produtivo e deixe de ser alvo de escândalos sobre atos secretos e desperdício do dinheiro público. Os três defenderam mudanças.

Paim destacou que o PT encaminhou proposta para reduzir em 30% o número de servidores da Casa. O petista ainda defendeu o fim dos votos secretos e lembrou projeto de sua autoria para que os crimes de colarinho branco sejam punidos com detenção e não prescrevam (além de os autores precisarem devolver os valores dos quais se apropriaram indevidamente). O candidato aproveitou para fazer uma crítica forte à forma como se discute o orçamento da União. "Espaço em que campeia a corrupção é o debate do orçamento dentro do Congresso Nacional".

Já Rigotto relembrou passagens da história do País para argumentar que a corrupção está vinculada a uma questão cultural e, por isso, é tão difícil combatê-la. Ele defendeu ainda a adoção de um programa de qualidade e produtividade dentro do Senado Federal.

Valendo-se de sua experiência como jornalista, Ana Amélia conseguiu abordar a questão da forma como ela, em geral, é tratada pela população. "Estes dias, eu conversava com um médico conhecido de vocês, e ele brincou que, se eu me eleger, vai se candidatar para ser meu motorista, porque no Senado, o salário de motorista chega a R$ 16 mil", afirmou. A progressista não disse o que pretende fazer para mudar a estrutura da Casa, mas voltou a utilizar uma frase de efeito: "sei que as dificuldades serão muito grandes, mas não me faltará coragem", concluiu.

Entre os três, o único a fazer referência aos candidatos de seu partido ou aliança à presidência da República e ao governo do Estado foi Paim, que nominou Dilma Rousseff (PT) e Tarso Genro (PT). No Rio Grande do Sul, o PP, partido de Ana Amélia, está coligado ao PSDB, que tem a governadora Yeda candidata à reeleição. Em relação à disputa presidencial, apesar do apoio do PP nacional à Dilma, o diretório progressista gaúcho fechou com o tucano José Serra (PSDB).

O PMDB de Rigotto tem como candidato ao governo José Fogaça. Na corrida presidencial o PMDB tem o vice de Dilma, o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB). Mas o PMDB gaúcho se dividiu. Enquanto Fogaça e Rigotto se mantêm neutros, a executiva estadual liberou os filiados, depois que quase todos os deputados abriram o voto para Serra e a maioria dos prefeitos optou por Dilma.
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