O novo presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, senador João Alberto (PMDB-MA), afirmou nesta quarta-feira (27) que não vê problemas no fato de alguns parlamentares indicados para integrar o órgão responderem a inquéritos ou processos na Justiça.

"Nós somos 16 membros, 15 do conselho e mais o corregedor, que tem direito a voz e voto. Depois que julgarmos aqui, vai para o plenário do Senado. E todos os 81 senadores participam. Não vejo nada de ruim nisso [processos contra integrantes do conselho]."

Questionado sobre a crítica de que, em outra gestão, foi "engavetador" de processos, ele disse. "Se a oposição diz que sou engavetador, por que não foi ao plenário? Eu não engaveto nada. E qualquer senador pode recorrer das decisões do conselho. Se não recorreu é porque não havia cabimento."

Durante a instalação do Conselho de Ética, João Alberto disse que presidir o órgão é como "cortar a própria carne".

"É a terceira vez que assumo como presidente. Honra-me muito. Vou receber as denúncias que venham a haver, dando ciência ao denunciado. (...) Presidir esse conselho é cortar nossa própria carne, temos que julgar nossos próprios colegas."

Caso Requião
Um dos primeiros casos a ser analisado pode ser a representação protocolada na terça (26) pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal. A entidade solicita que seja aplicada advertência e censura ao senador Roberto Requião (PMDB-PR), que tomou o gravador de um repórter durante uma entrevista no Senado.

O pedido do sindicato será agora encaminhado ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Requião terá prazo para apresentar suas justificativas, e caberá aos integrantes da Mesa Diretora decidir por encaminhar ou não o caso ao Conselho de Ética do Senado.

Sobre o caso, o senador João Alberto disse que vai aguardar receber o processo. "A Mesa Diretora me encaminhando, eu vou tomar as providências. Não posso dar a minha opinião antes de ouvir as partes", declarou.