O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, na tarde desta sexta-feira (10), em São Paulo. O peruano está no Brasil para uma viagem diplomática, acompanhado de sua mulher Nadine Heredia. Lula falou sobre a liberdade de Cesare Battisti e a situação do ministro Luiz Sérgio, das Relações Institucionais.
"A Dilma Rousseff é senhora da situação. Hoje, depois que saí do governo, tenho lido mais imprensa que lia antes. Percebo um menosprezo sobre ela. Mas quem conhecer a presidente Dilma vai saber que ninguém vai obrigá-la a fazer uma coisa que ele não quer. O ministro Luiz Sérgio foi indicado por ela e ele só sai se ela quiser. Ninguém vai impor cargos no ministério para ela, assim como não fizeram comigo", disse Lula.
Lula não falou sobre os problemas enfrentados pelo governo brasileiro com a saída de Antonio Palocci, que deixou a Casa Civil. O posto foi assumido por Gleisi Hoffmann, nesta quarta-feira (8).
Luiz Sérgio, desmentiu nesta quinta-feira (9), por meio do microblog Twitter, notícias de que pediu para deixar a pasta. "Não pedi para sair do governo", afirmou. Ele é alvo de pressões de parlamentares de partidos da base aliada, que reivindicam a saída dele.
Depois de retornar da viagem a Santa Catarina na noite desta quinta-feira (9), a presidente Dilma Rousseff conversou com o vice Michel Temer sobre a situação do ministro. Ideli Salvatti, Cândido Vaccarezza e Pepe Vargas são cotados para assumir a pasta.
Cesare Battisti
Lula falou sobre a decisão do Ministério de Assuntos Exteriores da Itália ter convocado nesta sexta-feira, para consultas, o embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca. A decisão, segundo o ministério, está relacionada à decisão do STF de negar a extradição de Cesare Battisti, e tem caráter temporário. A decisão tem como objetivo analisar o caso.
"No caso Battisti, não vejo motivo para a Itália tratar isso de outra forma que não seja a defesa sa soberania brasileira e que está dentro, como previsto, no tratado que o Brasil tem com a Itália. Não vejo razão para que a relação entre os dois países seja prejudicado", disse Lula.
Relação entre Brasil e Peru
"Uma coisa que penso e que é importante para o Peru. Particularmente, estou feliz com a eleição do Hulanta. Porque tive uma relação especial o Peru, é um parceiro importante para o Brasil. A primeira 'carreteira' que liga o Brasil com o Pacífico começa no Acre e avança por dentro do país. As pessoas que vivem no Acre compram cebola produzida em São Paulo, quando o Peru produz cebola de qualidade e está a 50 quilômetros de lá", disse Lula.
O ex-presidente disse que as relações comerciais e culturais dos dois países deve ser fortalecida. "O Brasil não pode ver o Peru como adversário. Ele tem gás, petróleo, fertilizante e deve ser vendedor e comprador. Falava muito com Toledo e com Alan Garcia, que a coisa mais fácil para um governo e o que custa menos para um governo é cuidar dos pobres. É um investimento sagrado. O problema é que muitos estudantes de economia aprendem que dar dinheiro para o rico é investimento e quando damos dinheiro para os pobres é gasto, mas é investimento também. Esse deve ser o caminho para o povo peruano poder fazer três refeições diárias", afirmou Lula.
"Uma vez, a ex-primeira-dama do país, Ruth Cardoso, que já morreu, disse que era mais fácil jogar dinheiro de helicóptero do que fazer uma ação social. Estou convencido de que o Peru vai conseguir fazer o que fizemos no Brasil. Nós levamos renda para a população pobre. A verdade é que os países da América Latina foram preparados para governar apenas para 30% da população. Se o Hulanta não fizer nada no Peru, mas garantir que os pobres tenham água potável em casa, ter energia elétrica, que o povo consiga tomar café da manhã e almoçar, terá feito um grande trabalho", disse Lula.
