Reduto da oposição na Câmara dos Deputados, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle tentou mas não conseguiu aprovar, nesta quarta-feira (16/11), um requerimento convocando o empresário Adair Meira para falar das denúncias de desvios de recursos e das relações do ministro Carlos Lupi (PDT) com donos de organizações não governamentais (ONGS) e sindicalistas.
Em manobra apelidada pela oposição de "Operação Abafa", os deputados governistas derrubaram requerimentos apresentados por líderes do PSDB, do DEM e do PPS mas, mediante um acordo entre as bancadas, aprovaram um requerimento de nova convocação ao ministro Carlos Lupi e do ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho, Ezequiel Nascimento.
Ezequiel é considerado peça chave pela oposição para elucidar o caso. Foi ele quem contou à revista VEJA que coube a Meira, dono das ongs que fraudaram o governo, a tarefa de pagar a viagem que Lupi fez ao Maranhão no avião do empresário. A data da audiência pública ainda não foi marcada, mas a presença dos servidores é dada como certa em razão do suposto envolvimento deles em contratos com ongs.
Vice-presidente da Comissão, o deputado Nilson Leitão (PSDB/MT) acredita que o depoimento deles será fundamental para esclarecer denúncias divulgadas pela imprensa. Informado pelo Olhar Direto sobre a confirmação da participação de Lupi em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, a ser realizada amanhã (17/11) e sob a coordenação do senador Jaime Campos (DEM/MT), Leitão acredita que talvez nem haja necessidade.
"Nem vai precisar", assinalou Leitão com leve ironia devido às pressões que o ministro vem sofrendo para deixar o cargo. Aliás, a queda de Lupi, discutida em reunião com a presidente Dilma, nesta quarta-feira, é aguardada para as próximas horas.
Na semana passada, Lupi participou na mesma Comissão de um debate para se defender das denúncias de cobrança de propina das ongs. Presidida por Leitão, a audiência ficou marcada por declarações polêmicas do ministro, que disse que "adora o ex-presidente Lula" e "ama Dilma".
Naquela ocasião, porém, o ministro negou que conhecesse Adair Meira. O ministro acabou sendo desmentido pelo próprio empresário, que forneceu aviões para que Lupi os utilizasse, o que o coloca sob suspeita.
