O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), admitiu nesta segunda-feira a possibilidade de o PMDB não ter impedido a criação da CPI da Petrobras no Senado em retaliação às demissões na Infraero (estatal que administra os aeroportos do país). Cabral chamou de desnecessária a abertura da investigação e disse não entender os motivos.

"Eu acho que é uma CPI desnecessária. Se há um motivo, a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara Federal poderia muito bem convocar os auditores da Receita e os diretores da Petrobras para fazer o esclarecimento do que se passou. Mas, a CPI não me parece correto. Não tem cabimento", disse Cabral, no Palácio Guanabara, onde participou da criação do Conselho dos Direitos da População LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) do Estado.

Para o governador do Rio, realizar uma CPI porque a Petrobras está em débito desvaloriza a comissão. "Se a empresa estiver em débito, ela paga. Não vejo motivo para a Comissão Parlamentar de Inquérito porque perde a importância que se tem uma CPI", disse.

Aliado do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PMDB manteve as assinaturas na CPI da Petrobras, o que garantiu a instalação da comissão para investigar irregularidades na estatal.

A Infraero iniciou no mês passado um processo de demissões de cargos comissionados (não concursados). A iniciativa gerou insatisfação entre peemedebistas e petistas, que tinham apadrinhados na empresa. A lista de cortes incluiu Oscar Jucá, irmão de Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado.

Cabral também disse que não sabia quanto o governo do Rio perdeu com a manobra contábil da Petrobras, que reduziu os repasses da Cide (Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico), cobrada sobre o valor dos combustíveis. "Se de fato houve ausência de pagamentos e tributos federais que deveriam ser pagos, não só eu como todos os estados do Brasil sofrem", disse.