A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Caso Cachoeira aprovou, por 17 votos contra 13, o adiamento da convocação do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, a depor na Comissão e a explicar as ligações da empresa Delta Construções com o governo e as denúncias de que ele foi demitido a mando do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Foi a segunda vitória do dia para o governo, que momentos antes adiou, por 16 votos a 13, o adiamento da colocação em votação dos requerimentos de convocação do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta.
Antes de colocar os requerimentos em votação, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), argumentou ser contrário à convocação de Pagot. Segundo ele, a ida do ex-diretor não deve ser motivada por interesses políticos, mas sim pela análise dos documentos que chegarem à CPI.
"O senhor Pagot já deu declarações através da imprensa e, se ele quiser fazer alguma denúncia, que procure a Polícia Federal para reduzir a termo o que ele entende ser urgente. Considero, portanto, que a ida do senhor Pagot à CPI pode acontecer em outro momento", sustentou.
De acordo com o senador Pedro Taques (PDT-MT), alguns parlamentares estão com medo de ouvir o depoimento de Pagot e de Fernando Cavendish, dono da empresa Delta Construções.
"Algumas pessoas estão com receio da vida de Cavendish e Pagot. O Pagot é um fio desencapado. Ele está desesperado para falar. E algumas pessoas estão com medo de ouvir.
Diante da negativa da maioria dos membros de ouvir Luiz Antônio Pagot, o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) sugeriu que o ex-diretor do Dnit fosse ouvido por alguns parlamentares em outra sessão para que ele explique a origem do dinheiro para as campanhas políticas.
"Esta comissão fica sub suspeita sim. E coisa pior. Os adversários vão tentar lançar a culpa no PAC", denunciou.
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-líder do governo, apoiou o relator e defendeu que somente sejam convocados depoentes que tenham relação direta com o objeto de investigação da CPI.
"Essa CPI tem foco. Então é um erro político nós sairmos daqui com a convocação do Pagot. Chamar o Pagot aqui é para ele falar sobre contribuição de campanha. Não adianta fazer cena, fazer proselitismo. Se tiver relação do Pagot com a organização criminosa, nós vamos examinar e convocar. Se não tiver, não", declarou Vaccarezza.
Segundo investigações da Polícia Federal, a Delta, durante a presidência de Cavendish, teria supostos vínculos com o esquema do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Pagot, em entrevistas à imprensa, relatou uso de caixa dois em campanhas eleitorais por PT e PSDB e apontou influência de Cachoeira na demissão dele do Dnit. Ele se colocou à disposição para comparecer à comissão.
A proposta de sobrestamento foi formulada pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Havia 11 requerimentos protocolados na CPI para a convocação de Cavendish e oito pela de Pagot.
Atualizada às 12h36.