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Quinta-feira, 03 de outubro de 2024

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vinhos chilenos

Vinhos chilenos agradam brasileiros e cuiabanos

O Brasil hoje é um dos países que mais consome vinhos chilenos, ficando atrás apenas de grandes mercados como os Estados Unidos e a Inglaterra. A população do...

O Brasil hoje é um dos países que mais consome vinhos chilenos, ficando atrás apenas de grandes mercados como os Estados Unidos e a Inglaterra. A população do Chile é pequena (pouco mais de 15 milhões de habitantes), espalhada numa terra comprida e estreita, geograficamente distinta, com duas cordilheiras, lagos, vulcões, geleiras e o deserto mais seco do mundo.


O Chile, no entanto, consegue ter 13 regiões vitivinícolas com quase 200 empresas em funcionamento, produzindo 788 milhões de litros por ano, segundo dados de 2005. A especialista inglesa Jancis Robinson afirma que no Chile, finalmente, os produtores deixaram suas zonas de conforto (Vale Central, plano e facilmente irrigável) e passaram a trabalhar em terroirs mais desafiadores e, portanto, mais instigantes para o vinho.

A viticultura chilena é o resultado de um ótimo plano de irrigação. O país é seco, mas como tem os Andes como barreira natural, uma parte da viticultura se desenvolve a partir das puríssimas águas do degelo. O resto é tecnologia: poços artesianos, represas e fotos de satélite que mostram quais áreas estão mais vigorosas e quais precisam de cuidados específicos.

Em Cuiabá, o consumo de vinhos chilenos também chama a atenção. Segundo a sommelier Danielle Fischer, diretora da Gran Adega – Casa de Vinhos, a cada dia, mais apreciadores de vinho buscam conhecer a bebida produzida nos países vizinhos e também os vinhos produzidos da Europa. “O país importou 29,5 milhões de litros de vinho e espumante de janeiro a junho deste ano, 2,9% mais do que em igual período em 2010”, comentou Danielle. O volume importado ultrapassa o total de vinhos tintos finos (6,8 milhões de litros) e espumantes (11,77 milhões) vendidos no mesmo intervalo pelas vinícolas gaúchas, responsáveis por 90% da produção nacional do segmento.

A sommelier cita as planilhas do Ibravin, que aponta o melhor desempenho entre os importados. “Vinhos da França tiveram crescimento de 15,5%, seguidos pelos de Portugal (+12,5%) e da Itália (+10,5%)”, pontua. Chile e Argentina respondem juntos por mais da metade dos rótulos importados pelo Brasil.

História - A saga do vinho chileno começa em 1551, na primeira colheita de uvas feita por Francisco de Aguirre, na cidade de Copiapó. Os vinhedos eram de uma tinta simples, denominada país, a mesma varietal plantada por religiosos na Califórnia, chamada de mission.

Na ocasião, os vinhos foram usados em ofícios religiosos, mas em seguida seu consumo se tornou costumerio, e o sucesso do vinho chileno, nos 270 anos da dominação espanhola, criou uma involuntária competição com vinhos da Espanha. Tanto assim que surgiram decretos proibindo novas plantações de uvas e aumentando impostos para coibir a concorrência.

A Coroa espanhola proibiu exportações e arrancou videiras, que ajudaram a fomentar a revolta contra os colonizadores, o que, combinado com os eventos políticos na Espanha e com as guerras napoleônicas, culminou, em 1810, com a luta pela independência.

A luta seguiu até 1818, com a vitória das forças de Bernardo O'Higgins e de José de San Martín, este último um general argentino que atuou na libertação do Chile. A vitivinicultura enfrentou mudanças depois da independência. Ricos donos de minas foram para França e se tornaram apreciadores dos vinhos franceses, em especial dos produzidos em Bordeaux, e levaram uvas bordalesas para o Chile, especialmente das varietais cabernet sauvignon, carmenère, malbec, merlot, sauvignon blanc e sémillon.

O pioneiro foi Silvestre Ochagavía, em 1851; seguido por outros fundadores de vinícolas ainda em atividade: Viña Concha y Toro, Viña Errazuriz, Víña Carmen, Viña Cousino-Macul, Viña San Pedro, Viña Santa Carolina e Viña Santa Rita, etc.

Com as uvas, vieram técnicas francesas. Outro fator que diferenciou os vinhedos chilenos foi a ausência da filoxera, praga que dizimou videiras ao redor do mundo, exceto no Chile. Hoje, seu território é um santuário de videiras originais, centenárias, plantadas em pé-franco, sem a necessidade do uso de enxertia.

O período de prosperidade propiciado pelas exportações para a Europa, que à época não tinha como produzir vinhos, revitalizou vinhedos.

A retomada da produção em países tradicionais se seguiu à cobrança de pesadas taxas para a importação de vinhos, adotada em 1902. Com isso, o Chile perdeu o mercado internacional e viveu período de estagnação.

Em 1970, o governo Salvador Allende iniciou um processo de reforma agrária, com expropriação de terras e divisão das grandes propriedades, golpeando a indústria do vinho. Para completar, exportações caíram a nível mínimo no período Pinochet.

Os tempos difíceis foram superados e, entre a metade dos anos 1980 e os anos 1990, o Chile respirou novos ares, com investimentos em vinícolas e vinhedos, buscando locais de plantio. Estudos do "terroir" conduzidos por nomes como Pedro Parra e Marcelo Retamal resultam em novíssimas regiões de plantio e fazem surgir vinhos elegantes e inovadores.



Sugestão da sommelier

Amayna Pinot Noir - A influência do mar, o terroir e uma lenta maturação das uvas propiciam a elaboração de um vinho de coloração vermelho rubi profundo com toques violáceos, e de grande complexidade aromática. Seus aromas remetem a frutas vermelhas e negras maduras e uma suave nota de baunilha aportada pela elegância de uma barrica em harmonia. Taninos redondos, suaves, plenos em boca e que outorgam um final de boca limpa, elegante, de grande persistência e personalidade. Indicado para harmonizar com aves de caça, carnes brancas, cordeiros e massas. Tinto, safra 2009.
Montes Alpha Cabernet Sauvignon - Um dos mais apreciados Cabernet chilenos. De intensa coloração rubi, evoca frutas vermelhas, chocolate e a madeira de uma cigarreira, em equilíbrio com uma bem integrada maturação em barrica. De grande complexidade em boca, no paladar médio resulta corpulento e equilibrado, com boa persistência e um final marcante. Indicado para acompanhar carnes grelhadas e cordeiro. Tinto, safra 2009.

Errazuriz Reserva Carmenere - Don Maximiano Errázuriz fundou Viña Errázuriz em 1870, utilizando clones importados da França. Hoje a tradição se mantém na gestão de Eduardo Chadwick, sexta geração da família na vinícola, que busca seguir a máxima de valorização do terroir "Da melhor terra, o melhor vinho". Este Carmenere Reserva tem intensa coloração vermelho violáceo, com notas de aromas características a esta variedade, tais como notas a frutos negros que se combinam com toques apimentados assados e molho shoyu entrelaçados com toques de chocolate e grãos de café tostado. Em boca se mostra equilibrado, suculento e fresco, com taninos agradáveis e persistente final. Indicado para harmonizar com carnes grelhadas, massas e peixes. Tinto, safra 2010.
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