Em mais um artigo do jornalista Auro Ida para a coluna do
Olhar Direto, ele faz uma análise sobre as últimas articulações políticas, que antecedem às convenções e destaca "tudo pode acontencer". Leia o artigo na integra:
Água e Óleo
Desde o último final de semana, as madrugadas estão curtas para tanto "conchavo" político, envolvendo os principais protagonistas das eleições de 2010 em Mato Grosso. Estão sentando a mesa de negociação as lideranças do PMDB, PR, PT, PP, PSB, PSDB, DEM, PDT, e PPS com o objetivo, pasmem, de evitar o segundo turno, tornando-o o pleito numa disputa manequísta entre situação e oposição.
Nesse processo, quem está com a cabeça a prêmio é o pré-candidato do PSB, Mauro Mendes. Os "conchavos" políticos apontam para a sua desistência e, nesta reta final de convenções, tudo pode acontecer. Ele sentou a mesa de negociação, primeiro, com o ex-governador Blairo Maggi (PR), pré-candidato ao Senado, em seguida com o governador Silval Barbosa (PMDB), pré-candidato a reeleição, depois com o deputado federal Pedro Henry (PP), com o senador Jaime Campos (DEM) e a deputada federal Thelma de Oliveira (PSDB).
Primeiro, ele recebe uma proposta para ser vice de Silval Barbosa, num entendimento em que o deputado Percival Muniz (PPS) se transformaria em ser o candidato do grupo a prefeito de Rondonópolis em 2012. Depois, na conversa com Jaime, a oferta foi do presidente do PDT, Otaviano Piveta , fosse candidato a vice de Wilson Santos, pré-candidato do PSDB ao governo, tendo como integrantes na chapa majoritário Antero de Barros e Pedro Taques, ambos candidatos ao Senado.
A proposta deixou Pedro Taques "entusiasmado" e, numa reunião, teria dito que para evitar problema com o nacional, conversaria com o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), para contornar o problema junto ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, cacique maior do PDT. "Os dois têm ótima relação", observou. Já o acordo com o PMDB não entusiamou o ex-procurador, porque a chapa ao Senado da aliança é Blairo Maggi e o presidente regional do PT, deputado Carlos Abicalil.
Há ainda a informação que corre nos bastidores da política de que há um acordo entre Silval Barbosa e Wilson Santos. O primeiro retiraria o apoio do PDT a Mauro Mendes e o segundo o PPS. Se é verdade ou não, o fato é que os dois vêem tentanto fazer esse "serviço" já faz algum tempo, sem sucesso. Barbosa vem mantendo conversação com Piveta e Santos vem pressionando o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, aliado preferencial do PSDB em nível nacional.
Enquanto as lideranças políticas fazem os "conchavos", a população reage através de pesquisas qualitativas feitas pelos dois lados principais. Nelas, feitas respectivamente pela Antecipar Consultoria e pelo Vetor, o eleitor rejeita a adesão de Mauro Mendes a qualquer um dos lados. Mostram que o melhor caminho dele é seguir sozinho com o PDT e o PPS.
As qualitativas mostram, portanto, que as ações das lideranças políticas não combinam com o que pensa o povo. Uma dobradinha Silval/Mauro Mendes é a mesma coisa que repetir a aliança Júlio Campos/Bezerra, que foi um desastre em termos eleitorais de 1994. Mas hoje, munidos de marketeiros renomados, os dois lados acham que têm a fórmula para misturar, com sucesso, água e óleo, o que a ciência mostrou que não é possível de forma natural.