Em mais um artigo para sua coluna no Olhar Direto, o jornalista Auro Ida revela os bastidores da política e o sistema de "arapongagem" utilizado por partidos durante negociações política.
Confira a íntegra do artigo:
Arapongagem
O PSDB nacional está fazendo uma tempestade em copo d'água em torno de um suposto dossiê, que teria sido encomendado por setores do PT, envolvendo suas principais lideranças, entre elas, o candidato a presidente da República, José Serra. Não sou a favor da campanha política se transformar num mar de lama, principalmente com denúncias de questões de foro íntimo, e, sim, no debate de idéias e propostas.
É triste ver, por outro lado, que o PSDB de Mato Grosso usa de "armas" não convencionais da política para conquistar o poder pelo poder. Os tucanos mato-grossenses, capitaneados pelo ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, e pelo ex-senador Antero Paes de Barros - os dois, é claro, vão negar - estão usando de um artifício condenável e sujo: gravam em áudio e vídeo todas as conversas políticas.
Considerando-se paladinos da moralidade, os dois usam as gravações para, primeiro, tirar vantagem política/eleitoral e fazerem, por assim dizer, chantagem política. Flagrada no vídeo do PRTB, usando nas eleições de 2008 pela dupla, o deputado federal Homero Pereira (PR) teve que engolir seco o pedido dos tucanos em manter no seu gabinete uma funcionária, que poderia causar um "escândalo" no ninho tucano.
Em contrapartida, editaram o vídeo para que o parlamentar republicano não tivesse participação efetiva na negociação com o PRTB. Agora, para as eleições de 2010, o comitê da maldade tucana promete divulgar uma gravação feita no apartamento do deputado Percival Municipal, onde lideranças tucanas e do demo tentavam entendimento com os representes da coligação Mato Grosso Muito Mais.
Estiveram presentes à reunião, além de Muniz, o prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB), o senador Jaime Campos (DEM), Antero Paes de Barros, a deputada federal Thelma de Oliveira (PSDB), o candidato do PSB ao governo, Mauro Mendes, o ex-procurador da República, Pedro Taques (PDT) e o deputado Otaviano Pivetta (PDT). Toda a negociação, segundo um tucano, foi devidamente gravada e poderá servir para detonar a candidatura de Mendes a sucessão estadual.
"É nitroglicerina pura", afirmou. Segundo ele, as lideranças da coligação Mato Grosso Muito Mais revelam os termos do acordo que estavam sendo feito com os aliados da reeleição do governador Silval Barbosa (PMDB). Wilson Santos teria ainda outras gravações e, numa delas, segundo informações, é de um dirigente de uma legenda nanica negociação apoio ao candidato peemedebista.
A missão, nesta reta final, cabe a Jaime Campos fazer o "trabalho", chamando os partidos nanicos para sentarem a mesa de negociação. Diante de tudo isso, não ficaria surpreso se o dossiê, que tem sido cavalo de batalha do PSDB nacional, ter sido originado dentro do próprio partido. Afinal, o ex-delegado da PF que faz acusação tem ligação com um membro tucano, que também teria sido da PF. Nesse mato tem coelho e não me assustaria se fosse amarelo e azul, principalmente se o know how foi fornecido pelo comitê da maldade do PSDB de Mato Grosso.
Em tempo: quem se habilita para sentar na mesa e negociar com as lideranças tucanas e do demo para ter suas conversas gravadas? Com a palavra, especialmente, os dirigentes dos partidos nanicos que estão fazendo leilão na Bolsa de Valores política dos seus escassos tempos no horário eleitoral gratuito no rádio e TV.
