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Quinta-feira, 25 de julho de 2024

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Estudos revelam razões que levam as mulheres a congelarem seus óvulos

Mulheres de diferentes idades diferem em suas razões para querer congelar seus óvulos. É o que revelam dois estudos apresentados durante a 26 ª reunião anual da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia, realizada em Roma, entre 27 e 30 de junho.

Mulheres de diferentes idades diferem em suas razões para querer congelar seus óvulos. É o que revelam dois estudos apresentados durante a 26 ª reunião anual da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia, realizada em Roma, entre 27 e 30 de junho.


O primeiro estudo, feito com 200 estudantes universitárias na Grã-Bretanha, realizado por Srilatha Gorthi, pesquisadora do Centro de Medicina Reprodutiva de Leeds, no Reino Unido, revelou que oito em cada dez estudantes de Medicina considerariam fazer o procedimento para poderem se concentrar na carreira, antes de decidirem ser mãe. Entre estudantes de Esportes e Educação, a metade disse que consideraria o procedimento. Segundo a pesquisadora, as estudantes de Medicina citaram a carreira como justificativa mais comum para considerarem o congelamento, as demais estudantes estavam mais preocupadas com a estabilidade financeira.

Para Gorthi, a sociedade precisa oferecer mais apoio às mulheres jovens para que possam começar sua família quando estiverem prontas, sem ter de comprometer suas carreiras. "Mulheres que pensam em passar por esse procedimento precisam receber informações precisas e aconselhamento quanto aos benefícios e limitações do congelamento", defendeu a pesquisadora.

Um segundo estudo, conduzido por Julie Nekkebroeck, psicóloga sênior do Centro de Medicina Reprodutiva UZ Brussel, em Bruxelas, investigou um grupo de 15 mulheres, com idade média de pouco mais de 38 anos, com alto grau de instrução e poder aquisitivo. Ela descobriu uma tendência entre as mulheres perto de completar 40 anos de optarem pelo congelamento de seus óvulos, enquanto procuram o parceiro certo. Um terço das quinze entrevistadas disse que estava recorrendo ao congelamento também como uma medida de segurança contra a infertilidade.

Segundo a psicóloga, estas mulheres haviam tido parceiros no passado, e quando perguntadas por que não tinham realizado o desejo de ter um filho, a maioria respondeu que achava que ainda não tinham encontrado o parceiro certo. As participantes da pesquisa de Julie Nekkebroeck descobriram a possibilidade de congelamento de óvulos através da internet, antes disso, 46,7% tinha pensado em se tornar uma mãe solteira com o uso de esperma de um doador, e 26,7% delas consideraram a adoção ou ficar sem filhos.



Sobre o congelamento de óvulos



Segundo o Prof° Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA, que participou do evento, as duas pesquisadoras, ao apresentarem os resultados de seus estudos, reforçaram a necessidade de ofertar mais informação a estas mulheres sobre a idade em que elas poderão iniciar suas famílias, a probabilidade de sucesso do tratamento e o número de óvulos que precisam ser congelados a fim de oferecer uma perspectiva realista para o sucesso futuro do tratamento. “As mulheres que pensam em congelar seus óvulos precisam receber informações precisas e contar com aconselhamento apropriado para os benefícios e limitações do congelamento de oócitos em comparação com outras opções para a preservação de sua fertilidade. Isto lhes permitirá tomar a melhor decisão para suas vidas”, defende o médico.



Numa sociedade em que as mulheres estão cada vez mais adiando a maternidade, as clínicas de reprodução humana que oferecem o serviço devem oferecer mais informações às suas pacientes para que suas expectativas possam ser atendidas no futuro. Para Ueno, existe a idéia “de uma grande facilidade” na questão do congelamento de óvulos. Mas a prática clínica tem desmentido “esta suposta facilidade”. Em novembro do ano passado, a Sociedade Britânica de Fertilidade e a Associação dos Embriologistas Clínicos emitiram novas diretrizes sobre a eficácia e a segurança deste procedimento, que foram publicadas no jornal da entidade, o Human Fertility.



“As entidades britânicas defenderam o posicionamento de que o congelamento de óvulos é uma tecnologia de apoio à preservação da fertilidade de mulheres com câncer, que irão se submeter à quimioterapia ou à radioterapia, mas não é a solução para neutralizar o declínio da fertilidade feminina em decorrência da idade”, explica Joji Ueno. As orientações das entidades são fruto de uma ampla revisão das pesquisas e trabalhos publicados sobre o tema, empregando diferentes tecnologias. Novas diretrizes só serão revistas e editadas pelas entidades inglesas, em junho de 2013. Segundo as diretrizes britânicas:

O congelamento de óvulos é uma tecnologia emergente com resultados iniciais promissores, mas o valor do congelamento de óvulos é atualmente limitado por vários fatores, incluindo o número de óvulos que podem ser obtidos e as taxas de sucesso alcançado. Há necessidade de uma grande escala de casos e de ensaios clínicos controlados para melhorar a base de conhecimentos das técnicas mais eficazes a serem empregadas;
Às mulheres que consideram a possibilidade de congelar seus óvulos devem ser oferecidas informações precisas sobre a segurança e as taxas de sucesso prováveis da técnica. Devem ser dadas orientações sobre os benefícios e limitações do congelamento de óvulos, em comparação com outras opções terapêuticas, como o congelamento de embriões, em vez de armazenamento de óvulos;
Existem dois métodos principais de congelamento de ovos: resfriamento lento e vitrificação. Estudos iniciais indicam que a vitrificação pode produzir melhores taxas de sucesso do que o resfriamento lento. Porém, mais estudos são necessários para confirmar a composição dos produtos químicos utilizados para congelar os óvulos, bem como a segurança e a eficiência da vitrificação;
Para melhores resultados, os óvulos maduros devem ser recolhidos após a estimulação ovariana, semelhante ao tratamento de FIV. O tipo de estimulação ovariana utilizada deve ser ditada pelas necessidades de cada paciente. Por exemplo, mulheres com câncer hormônio sensíveis podem preferir os tratamentos que minimizem a exposição ao estrogênio;
Os estudos atuais sugerem que a fertilização de óvulos descongelados é mais bem sucedida quando há a realização de uma ICSI, ao invés do emprego das técnicas de fertilização in vitro convencionais;
São admitidas algumas situações clínicas onde o congelamento de óvulos imaturos – sem a estimulação dos ovários – poderá ser realizado, mas são necessárias mais pesquisas para identificar os melhores métodos de congelamento e de maturação in vitro destes óvulos.
Dados do American Society for Reproductive Medicine Practice Committee, de 2007, nos dão conta da pequena taxa de sucesso da técnica de congelamento de óvulos:

· 2% de nascidos vivos por oócitos descongelados, quando o congelamento lento foi empregado;

· 4% de nascidos vivos, para a vitrificação.

“O congelamento do óvulo, com taxa de aproveitamento aceitável, ainda não é uma realidade. Portanto, estamos distantes de poder assegurar uma gravidez futura com o emprego desta técnica. Como vender, hoje, algo que você não tem certeza que irá entregar? Este é um ótimo questionamento para os médicos que desejam trabalhar com a medicina reprodutiva”, diz o Prof° Dr. Joji Ueno
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