O senador Jaime Campos, principal liderança do Democratas em Mato Grosso, é explorado pela cúpula do PSDB, sob o comando do ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, candidato ao Palácio Paiaguás, e quase ignorado pelos neocorreligionários como liderança, conforme avalia o articulista e jornalista Auro Ida, em artigo postado na coluna deste domingo (8).
Confira o artigo na íntegra:
"Tá nervoso, vai pescar"
"Fica frio, não adianta esquentar"
"Tá nervoso, vai pescar"
"Cabeça fria, bota as coisas no lugar"
A música, cantada pela dupla Gino e Geno, pode servir para acalmar o espírito do senador Jaime Campos, principal liderança dos demos em Mato Grosso, pela a forma que vem sendo tratado pelos tucanos, aliados nessas eleições. De um lado, ele é explorado ao ser praticamente obrigado a colocar o seu jatinho a disposição do candidato do PSDB ao governo, Wilson Santos, e, de outro, quase ignorado pelos seus "neocorreligionários" como liderança politica do Estado. A gota d'água para a sua insatisfação aflorar foi ter recebido, segundo se comenta no meio politico, um cheque sem fundo para cobrir os custos operacionais da sua aeronave.
"Não cobrei um centavo de aluguel e sou tratado dessa forma", reclamou a um interlocutor, que, por coincidência, é meu amigo. A conversa entre os dois se deu na semana passada e recebeu um conselho: ir pescar para esfriar a cabeça. Jaime Campos havia programado uma pescaria para este final de semana. Não está descartada a possibilidade, a partir de agora, de WS voltar a andar de monomotor ao invés do jatinho, novinho em folha.
Publicamente, o senador dos demos não reclama do tratamento recebido dos tucanos, mas manifesta toda a sua decepção ao não comparecer nos eventos e, quando vai, não desce do carro. Esse fato aconteceu, recentemente, em Várzea Grande, causando constrangimento aos presentes, já que o seu nome foi anunciado com toda pompa. Afinal, VG é a sua principal base eleitoral.
Considerado um dos últimos caciques políticos do Estado, Jaime Campos gosta de ser "bajulado", receber tratamento vip, o que não vem acontecendo por parte dos tucanos, e não ser nunca coadjuvante. No início, tudo era "lua de mel" e, de forma surpreendente, o senador estava, de fato, se empenhando para viabilizar a candidatura de Wilson Santos.
Depois, ao começar a sentir as bicadas dos tucanos, começou a refluir e agora está devagar quase parando, dedicando-se mais a campanha do seu irmão e ex-governador Júlio Campos (DEM) para a Câmara Federal.Com a postura de Campos, a grande maioria dos demos também está trabalhando sem entusiasmo nessa campanha, a exceção do vice, deputado Dilceu Dal'Bosco, o presidente Oscar Ribeiro e Júlio Campos.
Os três estão otimistas e prevêem que WS irá conquistar uma vaga no segundo turno com condições de ser vitorioso. Em Cuiabá, onde o candidato tucano patina, o diretório municipal do DEM espera ansiosamente a visita de Wilson Santos para, primeiro, saber as razões pelo fato dele não ter cumprindo o acordo de 2008, quando havia oferecido 8 cargos na Prefeitura de Cuiabá caso fosse vitorioso.
"Depois das eleições, fomos tratados como leprosos e nem recebidos fomos para tratar do assunto", contou um membro do DEM de Cuiabá . Até agora, só não houve uma debandada no municipal rumo a outros candidatos, devido a ação de Oscar Ribeiro, que é muito respeitado pelos demos. Wilson Santos sabe que tem pouco tempo para convencer os demos para evitar "sangria" da sua candidatura. Precisa, com urgência, estancar a queda nas pesquisas e voltar a crescer junto ao eleitorado.
Do contrário, poderá ser abandonado pelo seu principal parceiro político e, chegar ao final das eleições, caminhando sozinho, tornando ainda mais difícil o seu sonho de chegar ao Palácio Paiaguás. Se a "Casa Arrumada" era o principal slogan do ex-governador Dante de Oliveira, falecido em 2006 e um dos ícones do PSDB de Mato Grosso, a coligação Jonas Pinheiro, por enquanto, é uma torre de babel, onde nem WS e Antero de Barros falam a mesma língua. Também pudera, quando era vivo o senador Jonas Pinheiro era chamado por alguns tucanos de Jonas Dinheiro.
É... Como diz a letra da música. "Tá nervoso, vai pescar. Fica frio, não adianta esquentar. Tá nervoso, vai pescar. Cabeça fria, bota as coisas no lugar. Dinheiro pouco, tanta coisa para pagar".