Os brasileiros chegam atrasados, falam alto e "julgam os outros pela aparência". Já os argentinos são passionais e sentimentais e se veem mais como europeus do que como latino-americanos.

As afirmações acima estão em um guia feito pelo governo britânico ao setor turístico do Reino Unido, que se prepara para receber milhares de visitantes de todo o mundo até a Olimpíada de 2012, em Londres. O guia também faz alertas sobre americanos, canadenses e franceses, fala que os árabes são teimosos, os argentinos, passionais e os indianos, impacientes. E, claro, gerou muita polêmica.

O guia diz ainda que as brasileiras se cumprimentam com beijos, as vezes até nas duas bochechas. Os homens preferem tapas nas costas e se abraçam feito ursos. Chegar atrasado a uma festa é normal no Brasil, país onde as pessoas têm “uma noção de espaço menor que em outras culturas” e não se importam em ficar espremidas no meio da multidão.

Para a consultora de etiqueta Glória Kalil, “é tudo verdade” e os britânicos, espertos como são, “fizeram uma avaliação muito bem feita de nós”.

- Brasileiro não sabe ouvir crítica. Não é novidade que o brasileiro fala alto. É folgado, sim. E as brasileiras se vestem de forma mais provocante que a média.

O guia traz várias estatísticas econômicas e serve para os investidores britânicos interessados nos turistas brasileiros. Para Robin Johnson, gerente da VisitBritain no Brasil, o órgão de turismo britânico, tanta polêmica é parte de um “mal entendido”.

- A mídia selecionou algumas frases, como a que diz que os brasileiros estão sempre atrasados. Mas o guia fala, na verdade, que os horários são mais flexíveis no Brasil.

Britânico para brasileiro ver

E se o Brasil quisesse fazer um guia com características dos habitantes das chuvosas ilhas britânicas? Como seria?

Glória Kalil diz que explicaria aos brasileiros que os britânicos são frios, mas boa gente.

- Não tome a frieza como descaso, eles não vão te abraçar e beijar calorosamente no segundo encontro - e isso não significa que eles não gostem de você.

Johnson, um autêntico britânico, que há anos vive em São Paulo, também alerta os brasileiros sobre a formalidade de seu país.

- O britânico é mais formal, precisa ganhar confiança das pessoas. E os britânicos também sempre ficam do lado direito na escada rolante do metrô, para dar espaço para quem quer subir mais rápido pela esquerda.

Em São Paulo, as escadas rolantes têm avisos semelhantes, para que os que estão sem pressa também fiquem à direita. Mas, na prática isso não acontece.