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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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Escuridão e calor são maiores ameaças aos mineiros chilenos

Escuridão e calor são maiores ameaças aos mineiros chilenos
Os mineiros que seguem soterrados a 700 metros da superfície no Chile terão que vencer desafios psicológicos e físicos para que sobrevivam até a data prevista para o seu resgate. Confinados por um período inédito de tempo, os 33 homens começam a despertar questionamentos entre os profissionais da saúde, que especulam quais serão as conseqüências da tragédia.


Na opinião do chefe da emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Luis Antônio Nasi, grupos que enfrentam soterramentos passam por alguns processos básicos de organização, criando um sistema de hierarquia entre os integrantes. Conforme informações divulgadas pela Codelco, empresa que operava na mina onde ocorreu o acidente, isso já aconteceu com os chilenos, que se organizaram em três grupos: um está encarregado de receber e enviar cartas, outro responsabilizou-se pela higiene do espaço e o terceiro pela segurança.

Porém, um dos principais fatores que podem desencadear instabilidade física e emocional dos mineiros é a falta de luz. "Temos hormônios que são liberados apenas durante o dia, e a desorientação é um problema sério", diz Nasi, que lembra que questões barométricas, como a pressão que aflige pessoas presas embaixo da água, causando edemas pulmonares, não são relevantes neste caso.

"É claro que existe o fator das doenças prévias, ou problemas crônicos, que em uma situação como essa, podem piorar, principalmente se a pessoa está em idade mais avançada", lembrou.

Enquanto a desnutrição é uma das preocupações das autoridades, que agora enviam suprimentos aos mineiros através de um tubo metálico, o acúmulo de gordura abdominal pode prejudicar a operação de resgate, já que as vitimas deverão passar por um túnel estreito para que possam escapar. Por isso, um programa de exercícios está sendo desenvolvido, o que também evitará casos de atrofia e perda de massa muscular.

Já a contaminação poderá ser evitada enterrando dejetos em áreas afastadas dos locais de convívio dos trabalhadores, o que irá diminuir as chances de gastroenterites e infecções intestinais.

Outra ameaça à saúde física do grupo é a alta temperatura do local, que passa dos 30°C. "O corpo perde água e calor no ambiente, e isso pode levar a lesões musculares e até mesmo a problemas renais", diz Luis Antônio Nasi. Para o médico, a sensação experimentada pelos mineiros deve ser semelhante a experiência de ser enterrado vivo. "O desgaste é enorme, e é por isso que a comunicação, a informação, os sons e o contato com familiares são tão importantes. Sem isso, a pessoa alucina", completou.
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