Quando perguntaram quem tinha curso superior, o quilombola Jurandir Antonio Nunes, 39, não ergueu o dedo. A esmagadora maioria dos negros presentes também não. A reunião de representantes do movimento negro com os candidatos ao Senado e Governo pela coligação “Mato Grosso Melhor Pra Você”, respectivamente Pedro Taques (PDT) e Mauro Mendes (PSB), foi pautada pela diferença que ainda existe quando o assunto é etnia.

O representante do movimento negro José Arimatéia entregou aos candidatos um documento com pautas voltadas as negros. Dentre elas destaca-se a criação de uma secretaria extra-ordinária voltada ao combate das desigualdades. Mauro Mendes respondeu que já vinha pensando nessa ideia, e defendeu a criação de uma secretaria mais enxuta, para não “inchar” o Estado.

O peessebista prometeu discutir as pautas apresentadas e incorporá-las ao seu plano de governo. Mendes também falou da importância de o Estado diminuir as desigualdades. “O grande papel do Estado é criar alternativas. Não adianta fingir que não existe o problema. Temos que tratar os desiguais de forma desigual”, argumentou.

Pedro Taques falou que quer trabalhar para combater as desigualdades na sociedade. “Eu tenho certeza que muitos de vocês quando vão ao shopping sofrem com alguns olhares, olhares frutos de 500 anos de opressão. Eu não quero ser o senador só das grandes famílias, quero ser senador daquele que é oprimido, que carrega 500 anos de opressão nas costas”, discursou.

Enquanto assistia o discurso dos políticos, Jurandir Antonio Nunes lembrava de seu quilombo, o Mata Cavalo, e de tudo o que ele representa na história do Estado. O quilombola conta que conseguiu concluir o ensino médio, mas que a necessidade de trabalhar lhe furtou o desejo de fazer um curso superior. Não que tenha desistido, “quero fazer faculdade de história, acho importante que os elementos de nossa cultura não se percam”, conta.