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Domingo, 21 de julho de 2024

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Gabeira: Cabral não vai a favelas, mas manda trabalhadores

Após percorrer parte da Rocinha, em sua décima visita a uma favela dominada por traficantes desde o início da campanha, o candidato do PV ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, ironizou, neste domingo (12) a postura do governador e candidato à reeleição Sérgio Cabral (PMDB), de evitar entrar nesses locais "por precaução", mas mandar trabalhadores de obras estaduais.


Gabeira referiu-se especialmente àquelas onde há obras em parceria com o Governo Federal sob a sigla PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como Maguinhos e Alemão, na zona norte, e a própria Rocinha, na zona sul.

"O mais contraditório é que ele (Cabral) não entra mas manda os trabalhadores (das obras em questão)", afirmou Gabeira. "Acho que o governador poderia vir perfeitamente aqui. Não acho que haveria um tiroteio por conta da visita dele", alfinetou.

Há três semanas, o tiroteio ocorreu foi em São Conrado, bairro de classe alta, vizinho à Rocinha, de onde um grupo com 80 traficantes desceu trocando tiros com policiais militares e fazendo mais de 30 reféns em hotel de luxo. Uma mulher, traficante segundo a polícia, foi morta. Uma das versões investigadas é de que os criminosos estariam se vingando de policiais que não teriam cumprido um acordo por propina.

"Não tenho como comprovar, mas diversos moradores me chamaram no canto e disseram que policiais entram na favela e têm relações (com o tráfico)", disse Gabeira, após percorrer uma feira livre que ocupa várias vielas aos domingos e o Largo do Boiadeiro, local central da favela, onde foi "promovido" a candidato a presidente por um dupla de repentistas, que improvisou os versos "vem pedir o nosso voto pro dia da votação / ele quer ser presidente pra comandar a nação".

Moradoras reclamam por falta de pediatra em UPA
O candidato passou por uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas - um dos chamarizes eleitorais de Cabral. Lá, a vendedora Fernanda Melo, 20 anos, e a dona de casa Silmara Lisboa, 18, reclamaram por não haver pediatra para atender seus filhos, de oito meses e um ano e nove meses, respectivamente. "Fizeram para ter emergência, mas não tem o que a gente precisa. É bonito por fora, mas falta médico", protestou Silmara.

"Deveria servir para desafogar o (hospital municipal) Miguel Couto (no Leblon), mas elas acabam tendo que ir para lá por não ter médico em determinada especialidade", criticou o candidato a deputado estadual Paulo Pinheiro (PPS), que acompanhava Gabeira - e, por acaso, é pediatra.

Comitiva cruza cruza com outros candidatos, mas não com bandidos armados
A comitiva de Gabeira percorreu apenas locais "abertos" da Rocinha, sem entrar em becos e, desta vez, não houve encontro com traficantes armados, como em agosto, em Macaé (Norte Fluminense), ou na Vila Cruzeiro (zona norte do Rio), onde foi "orientado" por bandidos armados com fuzis a cumprimentar determinadas pessoas e sua equipe obrigada a abaixar as câmeras em determinados locais.

O mais próximo que ocorreu de uma ameaça foi quando Gabeira e seus correligionários cruzaram com um grupo de cabos eleitorais do deputado estadual e candidato à reeleição André Lazaroni (PMDB), cujo chefe os disse para seguirem "pelo lado", segundo o candidato verde ao Governo, que não seguiu a "orientação".

"Não sou de passar pelo lado. Fui pelo meio mesmo e vieram várias mulheres, uniformizadas, me cumprimentar, porque não têm nada a ver com essa história", ressaltou Gabeira.

O uniforme dos cerca de 100 cabos eleitorais de Lazaroni tinha uma homenagem ao vereador Claudinho da Academia (PSDC), morto por enfarte em junho, quando era candidato a deputado estadual. Ele respondia a inquérito por suspeita de coagir eleitores e proibir campanhas de outros candidatos na Rocinha, em aliança com o tráfico, em 2008, quando se elegeu para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Ex-membro do PV, do qual foi "convidado a sair" pelo diretório estadual por apoiar adversários, Lazaroni tornou-se aliado de Claudinho, após ele se eleger vereador, herdou sua estrutura política na Rocinha e atualmente é investigado pelo Ministério Público Eleitoral por suspeita de também utilizar a favela como "curral" de votos. Em folhetos, ele se compromete a continuar o trabalho do vereador.

Durante a caminhada, em uma área pequena, Gabeira e seus aliados cruzaram com diversos outros candidatos, entre eles o ex-secretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, Júlio Lopes (PP), que fazia campanha com o líder comuitário William da Rocinha, agora concorrendo a deputado estadual pelo PRB.

Outro líder comuitário, Xaolin da Rocinha, candidato a deputado estadual pelo PCdoB, também fazia campanha, gritando em um megafone para dentro de um supermercado. Também havia cabos eleitorais de Lilian Sá (PR), pastora da Igreja Universal do Reino de Deus na Rocinha e também candidata a estadual.
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