Migalhas sobre a eleição

Carlos Abicalil e Serys Slhessarenko estão fora do Congresso Nacional. Pagam o preço pela disputa absurda de poder dentro do Partido dos Trabalhadores. Penso que a sociedade perde mais com a ausência de Serys do que pela não eleição de Abicalil. Gostem ou não gostem dela, há uma história de atuação parlamentar por Mato Grosso, construída em seus mandatos na Assembléia Legislativa, principalmente, quando esteve à frente de CPIs importantes para o Estado, como a CPI do Bemat.

Por outro lado, a tese de que ex-governador, por pior que tenha sido, tem sempre um cacife eleitoral para ir ao Parlamento também se confirma com a eleição de Júlio Campos e de Carlos Bezerra. Condições eleitorais para voltar ao Executivo, a história já mostrou que eles não têm.

Também importa realçar que a votação de Pedro Henry e de José Geraldo Riva realçam que o eleitorado não está muito aí para a Lei da Ficha Limpa. Algo para se pensar.

Surpreendeu-me a votação de Valtenir Pereira para a Câmara Federal. É a terceira eleição seguida para o Legislativo em que ele alcança a vitória, considerando sua primeira eleição para a Câmara de Vereadores de Cuiabá. Talvez faça a diferença entre os deputados federais eleitos, um rol que, sinceramente, não me empolga.

A análise das eleições de deputados federais e estaduais me faz defender, ainda mais, o voto distrital. Vejo que o sistema atual fortalece o abuso do poder econômico. Ganha aquele que consegue condições financeiras para botar seu nome em todo o Estado. Gente no Araguaia despejou voto em Riva e em Malheiros, entre outros, candidatos que não são da região e que não vão, certamente, privilegiar a região. Li artigos e entrevistas nas quais candidatos do Araguaia alegam que a não eleição de deputados da região foi motivada pela quantidade de candidatos. Não acredito nisso. Penso que o fato ocorreu pela invasão de nomes de outras regiões que, pagando cabos eleitorais, conseguiram pencas de votos.

Dou risada lendo os jornais impressos de Cuiabá em suas análises eleitorais. Interessante a crítica que surge a candidatos derrotados, mas não a todos. Aqueles derrotados que têm relações com tais veículos não recebem críticas.

A eleição atual reforçou o enterro político de Antero. Se bobear, não ganha nem para síndico de condomínio. Não é nada pessoal, uma constatação apenas. Parece que o sucesso eleitoral que Antero tinha antigamente se relacionava a Dante de Oliveira. E, claro, os ataques que fez a Abicalil não o ajudaram em nada, mas Pedro Taques agradece.

Não vou falar de Wilson Santos. Para quê?

Mas o fato é que o PSDB em Mato Grosso vai minguando, minguando. E isso não é bom para o Estado.

Lamento a não eleição do tucano Rogério Salles. Embora meu voto tenha sido de outro candidato, analiso que seria um bom nome na Câmara Federal. Os poucos meses que passou à frente do Governo de Mato Grosso realmente foram produtivos. Aliás, se o PSDB for realmente um partido inteligente, deveria começar a pensar no nome de Rogério Salles para vôos mais altos no futuro.

Por outro lado, não lamento em nada a não eleição de Thelma de Oliveira.

Voltando ao PT, a derrota de Abicalil pode ser útil para que ele repense a própria arrogância. Não acredito que o futuro político de Abicalil esteja prejudicado. Ele tem cacife até para pleitear a prefeitura de Cuiabá na próxima eleição. Mas precisa se repensar urgentemente em muitos sentidos.

Tenho, por fim, muita curiosidade em saber como o senador Pedro Taques irá se comportar em relação ao partido político que lhe deu guarida. E torço sinceramente para que tenha sucesso em sua caminhada política, porque a renovação é necessária neste Estado de tantos votos em fichas sujas.

Antônio Lemos Augusto é jornalista em Mato Grosso