Partido que mais aumentou suas bancadas de deputados no Rio de Janeiro, o PR reúne seu diretório estadual nesta sexta-feira (15) para decidir se apoia, no segundo turno, José Serra (PSDB) ou Dilma Rousseff no Estado que tem o terceiro maior colégio eleitoral do país. A decisão deveria sair nesta quinta-feira (14), mas, diante de um "empate técnico" entre parlamentares atuais e eleitos, além dos membros do diretório, foi adiada e será decidida por uma votação contando ainda com os presidentes dos diretórios municipais, zonais e de movimentos, totalizando cerca de 250 pessoas.
Na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), a bancada do PR dobrou de seis para 12 deputados na Câmara, e passou de seis para oito deputados eleitos pelo Rio. Com o aumento de poder, o partido tomará decisão independente da executiva nacional já ter optado por apoiar Dilma. A reunião já foi comunicada pelo ex-governador e presidente estadual do PR, Anthony Garotinho, ao presidente nacional do partido, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento.
"Como estava muito dividido, achei melhor levar a decisão às bases", afirmou Garotinho. Deputado federal mais votado do Rio nesta eleição, ele afirmou já ter conversado duas vezes com a própria Dilma Rousseff durante o segundo turno, e também com o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, que teria lhe garantido uma agenda de campanha com a candidata.
Do outro lado, Garotinho disse ter sido procurado pelo também ex-governador e presidente de honra do PSDB-RJ, Marcello Alencar, e também por Sérgio Guerra e Rodrigo Maia, respectivamente presidentes nacionais do PSDB e do DEM.
"Na quarta-feira (13), o Marcello Alencar me ligou, a gente conversou, logo depois, o Sérgio Guerra ligou. Hoje (quinta-feira, 14), durante a reunião (do PR) o Rodrigo Maia me ligou e pediu para me encontrar amanhã (sexta-feira, 15) com ele, o Aécio e o Serra em Minas. Pela manhã, falei com o Dutra e ele me disse que a candidata (Dilma) vai me ligar para a gente marcar uma agenda", disse Garotinho, que descartou neutralidade, afirmando que o partido no Rio optará por um dos dois candidatos.
Evento com Dilma aguarda desde maio
Em maio, Dutra já dissera: "se houver um evento do Garotinho e ele convidá-la, ela (Dilma) vai", quando o deputado eleito ainda era pré-candidato do PR ao Governo. A aliança do PT com o PMDB e, consequentemente, com o governador Sérgio Cabral, acabou afastando esse eventual encontro.
Nesta quinta-feira (14), Garotinho reclamou de não ter sido procurado pelo PT no primeiro turno "e no início do segundo". "Fizeram uma carreata em Duque de Caxias e eu, que fui o deputado mais votado na Baixada Fluminense, não fui chamado", queixou-se, dizendo que não quer dar "apoio clandestino".
Garotinho faz lista de 'exigências' a candidatos
Apesar de descartar neutralidade, Garotinho e o candidato derrotado do PR ao governo do Rio, Fernando Peregrino, elaboraram uma lista de seis pontos que classificaram como fundamentais para apoiar qualquer um dos candidatos à presidência.
A lista inclui a volta ao sistema anterior de distribuição de royalties de petróleo e participação especial, privilegiando os estados produtores, como o Rio; não privatização de Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal; revogação e revisão da terceira versão do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3); adoção de projetos sociais como restaurantes populares e clínicas para dependentes químicos; apoio à PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 300, que equipara salários de policiais em todo o país; e adoção de horários integrais nas escolas.
Em abril, quando o mesmo PNDH-3 já havia sido aprovado, Garotinho encontrou-se com Dilma e disse que a apoiaria. Na ocasião, ele não impôs a mesma condição. Nesta quinta-feira, o deputado eleito afirmou tê-la aconselhado, desde então, a revogá-lo, mas que não impôs como condição ao apoio "porque não sabia que ele tomaria esta proporção".
