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Sábado, 27 de abril de 2024

Notícias | Agronegócios

Pesquisa mostra reaproveitamento da água de lavagem do café

A água utilizada para lavar o café colhido nas propriedades mineiras pode ser reaproveitada e ainda servir para a irrigação do próprio cafezal e de outras culturas. O líquido resultante da lavagem contém diversos elementos importantes para o desenvolvimento das plantas, e sua utilização substitui em parte a compra de adubo importado. Os produtores poderão ter acesso a esses benefícios por meio de um sistema que está sendo desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) – vinculada à Secretaria da Agricultura do Estado – em parceria com a Embrapa.


A lavagem e separação do café, realizada logo após a colheita, tem por objetivo eliminar impurezas do produto e separar os frutos com diferentes teores de umidade. O processo possibilita a formação de lotes homogêneos do fruto e também reduz o prazo de secagem com economia no consumo de lenha e energia elétrica e tempo de uso de terreiros.

De acordo com o Sammy Fernandes Soares, coordenador do Projeto de Aproveitamento da Água Residual do Café, no Núcleo de Pesquisa da Epamig na Zona da Mata, em Viçosa, o projeto para a reutilização do líquido pode ser montado com materiais encontrados na propriedade. “Os gastos são pequenos, acessíveis aos agricultores familiares interessados em implantar o sistema em suas propriedades”, ele explica. São necessárias caixas de decantação e retenção, associadas a uma caixa de remanejamento, na qual se acopla uma bomba. A água com resíduos dos frutos de café, usada anteriormente na unidade de processamento, é purificada e depois bombeada para a caixa de abastecimento da unidade de processamento, na qual é reutilizada.

“Além de barata, a instalação do sistema é fácil”, enfatiza o coordenador. Podem ser utilizados diversos materiais, como caixas, tambores ou qualquer recipiente em condições de conter a água residuária. De acordo com Soares, “outra opção pode ser cavar pequenos tanques no solo e revesti-los com lona plástica.” Ele acrescenta que, para fazer o bombeamento da água, serve alguma bomba já existente e em condições de ser deslocada para uso no sistema por um curto período durante o qual os frutos de café são processados.

Soares diz que os produtores podem desenvolver outros tipos de filtro. “A base de tudo são os princípios de decantação, para possibilitar o depósito do material mais pesado no fundo, com a água passando por um sistema de filtragem”, observa. Os componentes básicos do projeto são a caixa de decantação e a caixa de retenção dos sólidos flutuantes. Segundo o coordenador, o custo dessas estruturas é inferior ao custo de implantação de filtros mecânicos.

Líquido enriquecido

O objetivo principal do Projeto de Aproveitamento da Água Residual do Café é diminuir o gasto com água nas propriedades cafeeiras de Minas, mas o aproveitamento do material orgânico contido na água da lavagem é outro ganho importante, destaca o coordenador. “A água contém nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e micronutrientes”, explica Soares. Ao utilizar esse material, os produtores poderão reduzir os gastos com a aquisição de produtos que pesam muito nas contas da propriedade, porque são importados. De acordo com levantamento da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), uma tonelada de fertilizante custa cerca de 3,6 sacas de 60 quilos de café.

O coordenador recomenda aos produtores evitarem abusos na utilização do adubo obtido com baixo custo na lavagem do café. “É necessário buscar orientação técnica antes de fazer a aplicação desse adubo nos pés de café e em outras plantas testadas na pesquisa, como alface, aveia, feijão e milho. A principal preocupação deve ser usar adubo na quantidade recomendada”, enfatiza.

Atividade sustentável

Para o assessor de Café da Secretaria da Agricultura de Minas, Wilson Lasmar, “o projeto desenvolvido pelo Centro Tecnológico da Epamig, além de representar economia para a propriedade, constitui um importante avanço na preservação do ambiente.” Ele explica que a observância das normas ambientais na atividade cafeeira, assim como nas demais áreas da produção agrícola, é cada vez mais exigida. “O aperfeiçoamento do processo de decantação, que possibilita a reutilização da água, contribui para o aumento da sustentabilidade da produção de café em Minas”, assinala.

O gerente executivo do Pólo de Excelência do café, Ednaldo José Abrahão, também destaca a preservação ambiental no sistema de reaproveitamento da água utilizada na lavagem do café. Ele explica ainda que os pesquisadores têm razão em se preocupar com o controle da utilização do adubo após o novo sistema de decantação e filtragem, principalmente por causa do grande volume de potássio existente na água após a lavagem.

A tecnologia desenvolvida para o reaproveitamento da água da lavagem do café é apresentada numa circular técnica da Epamig, “Água Residuária do Café: Geração e Aproveitamento”, editada pelos pesquisadores Sammy Fernandes Soares, Sérgio Maurício Lopes Donzeles, Aldemar Polonini Moreli, Aledir Cassiano da Rocha, Guilherme Fernandes Soares, Victor Fernandes Soares. Informações sobre a publicação podem ser adquiridas no Centro Tecnológico Zona da Mata (CTZM/Epamig). Telefone (31) 3891-2646 -ctzm@epamig.br

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