A descoberta anunciada pela Nasa de uma bactéria com composição incomum na Terra "abre possibilidades para buscar outras formas de ET bem diferentes daquelas que a gente está acostumado", explica em palavras simples o físico Carlos Alexandre Wuensche, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Para ele o resultado pode se transformar numa verdadeira revolução científica. Agora, diz, "é muito mais provável" encontrar vida nos confins do Universo.

A descoberta foi feita na Terra mesmo: trata-se da bactéria GFAJ-1, que vivia no Lago Mono, na Califórnia, onde acreditava-se que a vida era impossível por causa da presença da substância tóxica arsênio. Na ausência de fósforo - que é essencial para a composição do DNA - a bactéria "construiu partes de si mesma com arsênico", definiu a pesquisadora líder do estudo, Felisa Wolfe-Simon. Até hoje, os trabalhos de pesquisa sobre vida extraterrestre consideravam essencial a presença de elementos químicos que garantem a vida na Terra.

- O impacto não é porque você achou um ET, mas é porque você abriu possibilidades para buscar outras formas de ET bem diferentes daquelas que a gente está acostumado. Os ETs que a gente trata aqui são essas bactérias que vivem em fundo de vulcão, que têm DNA. Você imagina uma que não tem nem DNA, mas com estrutura igual a do DNA - diz Wuensche.

O pesquisador é otimista quanto a novas descobertas. "Espero que, durante o meu período de vida ainda, a gente já possa encontrar microorganismos em outros planetas que tenham essa composição diferente".

Ele afirma que a descoberta abre o leque de possibilidades científicas:
- Se pode ser arsênico, pode ser outro elemento. Aumenta a versatilidade. Se a vida pode ser mais versátil, é muito mais provável que você encontre mais vida, muito mais diversificada, em outros cantos do Universo.