O senador Jayme Campos criticou em plenário, nesta quinta-feira (9), a falta de uma visão estratégica e de investimentos em infra-estrutura para um adequado desenvolvimento da agricultura brasileira. Ele lamentou que parte da lucratividade dos empresários rurais brasileiros seja perdida por conta da falta de logística para o transporte da produção.
Jayme revelou que os agricultores mato-grossenses perdem, geralmente, US$ 130 por tonelada de soja, em relação aos grãos colhidos nos Estados Unidos. O preço é fixado por cotação internacional, mas a deficiência no escoamento causa prejuízos para os lavradores regionais.
Ao comentando reportagem exibida na segunda-feira (6) pelo
Jornal da Globo, mostrando as diferentes realidades para os plantadores de soja nos EUA e em Mato Grosso, Jayme Campos chamou a atenção para a desvantagem dos produtores regionais, devido à deficiência de logística e armazenagem.
- Se aqui o grão atinge uma produtividade espetacular, em média 11 por cento superior ao conseguido nas plantações norte-americanas, lá a lucratividade é que pesa a favor deles, disse. E complementa afirmando que enquanto o sojicultor ianque recebe 458 dólares por tonelada, seu correspondente brasileiro afere somente 328 dólares pela mesma quantidade do produto.
Um dos grandes diferenciais em favor da produção norte-americana de soja, segundo Jayme Campos, se dá pela existência de transporte aquaviário nos EUA. Isso permite que a soja produzida naquele país, mesmo estando no Meio-Oeste, percorra, no máximo, 50 quilômetros de caminhão até chegar aos elevadores das barcas que a escoam por via fluvial até os portos do Atlântico, na região sul do país.
Nesse sentido, Jayme Campos fez um apelo às autoridades nacionais: Mato Grosso precisa ser contemplado com investimentos maciços em sua infra-estrutura econômica, principalmente nos corredores de exportação de sua exuberante produção agrícola.
Ele enumerou algumas ações importantes para o desenvolvimento regional: a conclusão da Ferronorte até Cuiabá, a implantação da ferrovia Centro-Leste, a pavimentação da BR-163 até o porto de Santarém, no Pará, a ligação rodoviária para o Pacífico, através de Cáceres e San Mathias (Bolívia), e a implantação da hidrovia Teles Pires-Juruena-Tapajós.
Mesmo diante dessa situação, explicou Jayme Campos, há atualmente em Mato Grosso um crescente interesse dos lavradores americanos na aquisição de propriedades na região, devido à elevada produtividade local.
“Nossa pujança está atraindo a cobiça internacional, mas nossos governantes ainda estão adormecidos em berço esplêndido, negando-se a enxergar o valor econômico e social dos cerrados brasileiros, de onde brota ouro em grão; de onde sai o superávit da balança comercial do país, e para onde uma nação produtiva caminha”, concluiu.