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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Exame do Cremesp reprova na fase final 68% dos formandos de medicina

A fase final do exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) reprovou 68% dos formados de medicina, de acordo com o resultado divulgado nesta quinta-feira (16) pelo órgão. Esse foi o pior resultado em seis anos dessa fase da prova, que tem questões com situações problema. A participação dos estudantes é voluntária e não é pré-requisito para a habilitação do médico ao exercício profissional.


O exame deste ano teve a participação de 533 formandos na primeira fase, com questões cognitivas. Nesta fase, 57% foram aprovados. Dos 264 participantes da segunda fase, 179 foram reprovados. De acordo com o conselho, cerca de 2.600 estudantes se formam médicos anualmente no estado de São Paulo. Para ir para a segunda fase, o estudante teria de acertar 60% da prova da primeira fase.

Segundo o Cremesp, vários fatores podem ter contribuído para a alta reprovação na fase final do exame, como uma prova mais difícil, queda na amostragem, maior número de participantes de escolas privadas. Ainda de acordo com o conselho, a má qualificação dos formandos em medicina é a principal delas.

“A segunda fase teve 40 situações problema que os formandos deveriam saber fazer. Fazem parte do dia a dia do médico”, disse o coordenador do exame, Bráulio Luna Filho.

O conselho defende uma avaliação obrigatória ao final do curso para os formandos, como ocorre em outros países, como Estados Unidos e Canadá. “Um exame ajudaria a melhorar essa situação”, afirmou o presidente em exercício do Cremesp, Renato Azevedo.

De acordo com Luna Filho, a má formação dos médicos reflete no crescimento do número de denúncias contra médicos ao Cremesp. Neste ano, foram cerca de 4.500 ao ano contra 1.500 em 1993. “Há uma convicção de que a formação é muito ruim, porque não há avaliação científica”, afirmou o médico.

O baixo número de participantes, segundo Azevedo, ocorre porque há boicote da prova. “As pessoas não querem ser avaliadas por entidades externas”, afirmou.

De acordo com o conselho, a avaliação dos cursos de medicina pelo Ministério da Educação não é suficiente para resolver o problema. “O MEC não tem estrutura para avaliar 180 escolas médicas no Brasil”, disse Azevedo. Ao menos 100 das 180 funcionam sem estrutura para formar bons médicos, de acordo com Luna Filho.

Segundo o Cremesp, o MEC sofre com a dificuldade para fechar vagas em cursos ruins. "As escolas reagem, vão à Justiça. O problema é o embate político na hora de fechar", disse Azevedo.
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