O delegado da Gerência de Operações Especiais da Polícia Civil, Vlademir Fransosi, revelou em detalhes, durante entrevista ao
Olhar Direto, o planejamento “estratégico” adotado pelas quadrilhas especializadas em assalto a bancos em Mato Grosso, que dificulta o trabalho de investigação da polícia.
A observação minuciosa e a confirmação da rotina da agência-alvo é o primeiro passo do planejamento do assaltao da organização criminosa antes da ação efetiva, revela o delegado.
De acordo com o delegado, antes da ação efetiva, os criminosos analisam o movimento da agência, mas, normalmente, os assaltos ocorrem no início do mês quando é liberado o salário dos servidores públicos.
Ele explica que, na maioria das vezes, todo contato entre os integrantes do grupo, é feito por telefone e, por isso, trocam de celular com grande freqüência para não serem rastreados. “Esse tipo de pessoa nasceu para o crime”, avaliou o delegado, considerando escutas telefônicas de detentos que, mesmo na prisão, dizem que ao sair voltarão a cometer roubos.
Durante a fuga, levam consigo funcionários do banco e clientes para usar como “escudo humano” e se proteger, o que impede uma ação imediata da polícia no sentido de um embate imediato.
Fransosi conta ainda que, no percurso, é comum queimarem pontes e carros nas rodovias para dificultar o trabalho da polícia. Depois disso, se escondem no mato, entre 20 a 30 dias.
Apesar do isolamento, os bandidos não ficam incomunicáveis. Utilizam rádio amadores e antenas móveis para celulares. Para alimentação, carregam produtos não-perecíveis e fáceis de fazer, como miojo, por exemplo. Também levam remédios, antibióticos e até pastilhas de cloro para 'despoluir e tratar' água dos córregos ou de reservatórios nas matas.
Péssimo exemplo
O delegado disse ainda já ter visto casos de adolescentes que vêem bandidos como verdadeiros “heróis”. “O objetivo da polícia ao conter esse tipo de ação é mostrar aos jovens que o crime não compensa”, assinala.
Atualizada e corrigida às 13h42