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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Animal mais importante da Mata Atlântica, onça pintada corre risco de extinção

Uma onça precisa de pelo menos dez quilômetros quadrados para viver bem na natureza. Onde existir uma onça pintada é sinal de que a saúde daquele ecossistema está perfeita. Pena que uma das onças nunca mais vai poder voltar para natureza. Ela foi entregue ao Ibama ainda criança, vivia em uma fazenda e tinha sido abandonada pela mãe, a única que poderia ter lhe ensinado a caçar, a caminhar pela mata e a sobreviver na floresta.


A onça vive em um minizoológico dentro da Itaipu binacional e é uma grande oportunidade para todos nós conhecermos de perto como é uma onça pintada, já que ela está em extinção por estas matas. Nos anos 1990 eram 60 onças pintadas no Parque Nacional. Hoje, depois de 20 anos, a estimativa é de apenas 10 animais.

“Eu acredito que em 50 anos a gente pode ter a extinção da espécie na Mata Atlântica”, explica a bióloga Marina Xavier da Silva.

Em uma única noite, uma onça é capaz de caminhar mais de 40 quilômetros atrás de alimento. Exímia na arte de escalar árvores, nadadora excepcional, atravessa com facilidade grandes rios. Por precisar de muito espaço, a cada dia mais ela corre o risco de chegar nas fazendas vizinhas à floresta. E ali, normalmente, acaba sendo morta a tiros.

“Para nós, humanos, o grande desafio é justamente ter esse convívio com o que resta dessa natureza tão ameaçada. É difícil, para as pessoas, aceitar grandes predadores, mas eles são fundamentais para essa diversidade que nós temos e que, na realidade, estava aqui bem antes do homem aparecer na Terra”, argumenta o médico veterinário da Itaipu binacional, Wanderlei de Moraes.

A onça pintada é o animal mais importante da Mata Atlântica. Por ser a maior predadora da floresta, é ela quem acaba atuando no controle e no aprimoramento genético de todas as outras espécies da mata.“O ecossistema é um conjunto de situações que se equilibram, então os predadores mantêm esse equilíbrio”, afirma o veterinário.

A onça pintada é o símbolo do Parque Nacional de Foz do Iguaçu. É por causa dela que nos parques da Argentina e do Brasil foram instaladas máquinas fotográficas pela floresta para tentar registrar a sua passagem.

Dois irmãos que aparecem em uma foto ainda filhotes foram vistos em vários lugares do Parque Nacional e também nas proximidades do hotel das Cataratas. Em uma das vezes, bebendo água na piscina.

Para que a cultura de cada bicho sobreviva é preciso que a mãe consiga transmitir aos filhos a memória da espécie: onde se dorme, se come e quando é preciso fugir. Umas das onças, ao perder a mãe, perdeu essas referências. A mesma coisa está acontecendo com uma veadinha mateira, de um mês de idade, encontrada na floresta ainda bebê e sem a mãe.

Desde então, todos os dias, Marina, bióloga do Parque Nacional, vai até a floresta para alimentar a veadinha.

“Ela foi atacada por algum predador natural, a gente limpou os ferimentos e deixou no mesmo lugar, na esperança que a mãe voltasse. Mas a mãe não voltou e a gente optou por cuidar dessa maneira semi-domesticada”, explica.

Depois de mamar, ela fica um longo tempo brincando no quintal da casa da bióloga. Dá saltos, giros no ar, aprende sozinha a viver neste mundo.

“Ela aprendeu a se defender, a se camuflar também. Ela fica sozinha, boa parte do tempo encolhidinha, escondida”, conta.

Na ameaçada Mata Atlântica, a vida, mesmo escondida, encontra sempre um caminho em busca de mais vida.
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