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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

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Remake de 'Ti-ti-ti' ganha originalidade com adaptação

Maria Adelaide Amaral reescreve o remake Ti-ti-ti de uma maneira autoral. Apesar das presenças dos personagens de Plumas & Paetês, de 1980, de Elas por Elas, de 1982, e de Ti-ti-ti, de 1985, a autora constrói uma trama diferente. Claro que o ritmo distinto que a autora deu à história era esperado por todos pela assinatura interessante de Maria Adelaide em suas minisséries de grandes sagas, como A Casa das Sete Mulheres, por exemplo.


No entanto, no folhetim original de Ti-ti-ti, o universo dramatúrgico escrito por Cassiano Gabus Mendes, por exemplo, era muito fácil criar um estilista e dizer que ele era famoso pelos recursos cênicos das tramas televisivas da época. Hoje, os sites de busca na internet servem como filtro, dando um pouco mais de trabalho para que um falso perfil seja sustentado por tanto tempo. Pensando nisso, Maria Adelaide criou no enredo de Victor Valetim, vivido por Murilo Benício, uma página na rede de computadores onde ele se consolidou primeiro, antes de começar seu embate com o rival, Jacques Leclair, de Alexandre Borges. As adaptações que foram necessárias, ajudaram Maria Adelaide a fazer uma adaptação mais atual.

E a autora também mostrou distinção quando colocou um casal gay mais romântico que o convencional, logo no primeiro capítulo. A morte de Osmar, de Gustavo Leão, deixou um buraco por conta da solidão de Julinho, personagem de André Arteche. A ousadia do texto e o amadurecimento do público permitiram que a autora trouxesse um outro par para o viúvo. O novo amor, agora de Tales, interpretado por Armando Babaioff, é abordado com dignidade e respeito. As cenas em que Tales se declara foram bem aceitas e deram margem para que o romance engatasse.

Por se tratar de uma comédia, não couberam muitos dramas familiares. Até mesmo porque Dira Paes, que vive a mãe e chefe de família Marta, é a única que consegue dar um tom dramático ao folhetim. O triângulo amoroso de Marcela, Edgar e Renato, personagens de Ísis Valverde, Caio Castro e Guilherme Winter chegou a cair na mesmice. Mas, antes mesmo que virasse um clichê, a autora escalou uma ex-namorada concorrente ao título de atual para Renato, interpretada por Débora Falabella, para acabar de vez com esse impasse desgastante. Até mesmo a desmemoriada Cecília, de Regina Braga, faz rir. Nem mesmo a problemática da louca que se perdeu da família é vista com pesar. São poucas suas cenas, mas sempre engraçadas e cercadas de um mínimo mistério.

Os personagens principais se completam. As caras e bocas de Alexandre Borges tornam Jacques Leclair mais afetado e caricato que o original de Reginaldo Faria. O costureiro tem uma boa embalagem composta pelo figurino inspirado na década de 70, porém o conteúdo é ruim e bem aquém do esperado. Sua participação é salva pela união com Cláudia Raia, a Jaqueline, e Murilo Benício. Juntos eles não fazem feio. Murilo é animador e Cláudia tem destaque merecido. A perua sem noção não perde o tom, graças à veia cômica da atriz. As cenas do trio da moda são bem defendidas.

A obra de Maria Adelaide Amaral é bem-humorada, mas inteiramente caricata. Quando unida à postura exagerada e popular do diretor Jorge Fernando, transforma Ti-ti-ti numa comédia quase escrachada. A combinação da autoria com a direção, faz o remake de Ti-ti-ti uma das novelas mais divertidas da atualidade, mesmo que muitos tons acima.

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