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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Cursinho popular é alternativa para alunos de baixa renda

Depois de se formar na Escola Estadual Nossa Senhora da Penha, de São Paulo, Douglas Giaquinto, hoje com 19 anos, se inscreveu no cursinho popular da USP. Seu objetivo era reforçar os estudos que recebeu no colégio e tentar uma vaga na faculdade de Matemática da instituição paulista. O estudante de então 17 anos passou a frequentar diariamente as aulas preparatórias para o vestibular, onde, além de conseguir uma vaga no listão dos aprovados de 2009, considera que realmente aprendeu os conteúdos básicos do Ensino Médio.


"A maioria das pessoas faz cursinho para revisar o que foi visto durante os três anos de colégio. Mas, fazendo cursinho, aprendi o que deveria ter sido visto na escola. O mais engraçado é que saí da escola sabendo o básico do básico de matemática, e foi nas aulas pré-vestibular que eu aprendi de fato o conteúdo. Além disso, foi lá que eu me apaixonei pela disciplina e decidi prestar vestibular para me tornar professor", conta Giaquinto, que atualmente é professor de matemática voluntário do cursinho da USP e coordenador pedagógico da organização.

Assim como Douglas, muitos alunos da rede pública de ensino só conseguem uma vaga nas universidades públicas frequentando aulas pré-vestibulares populares, oferecidas pelas próprias instituições de ensino superior.

O sistema do cursinho da USP não é exatamente gratuito, mas mesmo assim é muito "acessível". Existe uma taxa anual simbólica que é cobrada dos estudantes.

"Temos duas turmas todo ano, uma durante a semana e outra de aulas somente aos sábados. Ambas têm 115 vagas, porém a taxa anual varia entre as duas. Na de sábado é cobrado R$ 220, e na semanal, R$ 350", diz Giaquinto.

Todos os professores da instituição são estudantes voluntários da USP, e o dinheiro arrecadado é destinado para a estrutura física e materiais fornecidos pelo curso.

Diferentemente da USP, os cursinhos oferecidos pela Unesp não cobram taxa anual, explica o tesoureiro do pré-vestibular do Campus de Franca, Thiago Telles Rodrigues. "Cobramos R$ 20 de matrícula, que serve somente para manter nosso espaço físico, pois somos um curso sem fins lucrativos. Nosso objetivo é dar uma oportunidade para estudantes de baixa renda, que infelizmente sozinhos não conseguiriam ter uma vaga em universidades federais", diz.

Ambos os cursinhos têm o mesmo sistema de inscrições. "O aluno se inscreve e faz uma prova de conhecimentos gerais, seguida de um formulário para provar suas condições econômicas, pois só aceitamos alunos que não têm como pagar um cursinho tradicional. Os estudantes que se saírem melhor na prova conseguem a vaga", diz Rodrigues.

Neste ano, houve uma média de seis alunos por vaga. Em 2009, de 3754 inscritos em todas as unidades de cursinho da Unesp, 1183 foram aprovados, sendo 924 em universidades públicas e 259 em particulares.

Para Rodrigues, os cursinhos populares são uma forma de fazer "justiça com as próprias mãos".

"Na verdade isso deveria ser papel do governo, oferecer uma preparação digna para jovens de baixa renda terem uma chance nos vestibulares. Mas como isso não acontece, muitas pessoas e organizações tentam fazer isso por conta própria, e é o nosso caso", afirma.
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