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Quarta-feira, 01 de maio de 2024

Notícias | Educação

Governo brasileiro recebe novo vocabulário oficial após reforma ortográfica

O presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, entrega hoje a três ministros um calhamaço que poderá dirimir as últimas dúvidas sobre o Acordo Ortográfico.


Em suas 976 páginas, o Volp ("Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa") traz a grafia de 349.737 palavras, parte delas alterada em razão das regras do Acordo. O trabalho foi coordenado pelo filólogo Evanildo Bechara, da ABL.

Ele estará em Brasília, às 17h, apresentando o volume aos ministros Fernando Haddad (Educação), Juca Ferreira (Cultura) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) -que o receberá em nome do presidente Lula. Amanhã, será realizado o lançamento oficial do Volp na ABL, no Rio.

"Toda obra humana tem, não digo seus enganos, mas seus silêncios normativos", diz Bechara, que procurou preencher lacunas do Acordo. Uma delas dizia respeito ao prefixo "re". Chegou-se a pensar que se usaria "re-eleição". Mas a solução foi dada com base na tradição. "Dicionários de cem anos atrás já traziam o "re" aglutinado", diz o professor.

Quando as tradições brasileira e portuguesa não diziam a mesma coisa, buscava-se um caminho nas bases do Acordo. Assim, seguindo a regra geral de hifenização de compostos formados de palavras independentes, "rega-bofe" e "vaga-lume" ficaram com hífen -ainda que "vagalumear" não tenha o sinal, porque os derivados, tradicionalmente, perdem o hífen, segundo Bechara.

O filólogo assume que a equipe cometeu um "engano num assunto em que os dicionários e vocabulários representam terra de ninguém: as onomatopeias". Se "tique-taque" é com hífen, "tiquetaquear" deveria sê-lo também, mas prevaleceu o costume de se aglutinarem os derivados.

Já "co-herdeiro", escrita desta forma no Acordo, foi adaptada para "coerdeiro", com base no fato de que o prefixo "co" não pertence ao grupo majoritário de prefixos que recebem o hífen diante da vogal idêntica à sua vogal final e do "h".

Bechara explica ainda o fim do hífen em compostos como "à toa" e "dia a dia", entre outros. "É o princípio do espírito de simplificação. [A decisão] tirou das costas do homem comum a obrigação de conhecer e distinguir unidades linguísticas", afirma. "No caso de "dia a dia", apelava-se para o contexto [para usar o hífen]. Pois o contexto assumiu no Acordo um papel fundamental quando aboliu o acento diferencial. A responsabilidade da distinção semântica cabe ao contexto."

Os únicos acentos diferenciais obrigatórios são os de "pôr" e "pôde". Não há "fôrma" no Volp, mas Bechara diz que o acento pode ser usado se houver dúvida quanto ao sentido. O mesmo vale para "sêde".

Especialistas portugueses não foram consultados porque, segundo Bechara, "em nenhum momento o Acordo fala em vocabulário comum". O Volp, portanto, é brasileiro, e os outros países de língua portuguesa poderão criar os seus.

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