”Tenho 100 hectares na Amazônia. Dos quais desmatei 25 ha, em 2000. E 30 ha já estavam desmatados quando comprei a terra. O governo foi lá e me multou em 280 mil reais, embargou a área e cassou meu CPF. A propriedade não vale mais que 100 mil reais. Tenho três filhos e uma esposa e sobrevivemos do que produzimos na propriedade”, falou o pequeno produtor Edgar Manuel, de Boca do Acre. O município fica a 950 km da capital Manaus no estado do Amazonas.
Com simplicidade, senhor Edgar clamou aos parlamentares, no seminário sobre o novo Código Florestal, a votar o PL-1876/1999, que institui um novo ordenamento legal do uso do solo e florestas brasileiros.
O coordenador político para assuntos de meio ambiente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Homero Pereira (PR-MT) reiterou a obrigação do parlamento em colocar um fim na desordem jurídica ambiental existente hoje no país.
“Não vamos nos omitir. Temos que pautar esta matéria e ajudar os milhares de brasileiros que vivem hoje como criminosos injustamente. O adiamento é não dar solução ao problema”, frisou Pereira.
O colono Edgar ressaltou, durante o seminário, para esclarecimentos da nova legislação, que para milhões de trabalhadores como ele no Amazonas a terra é a própria vida, uma referência ao programa federal Minha Casa minha Vida.
“As pessoas que vivem no Amazonas são sofridas, estão lá buscando uma vida digna. Não querem destruir a Amazônia. Querem apenas produzir com segurança e sem ameaças”.
Outro produtor a falar foi Justino Montoro, do município São João d'Aliança, a 331 km de Goiânia, capital de Goiás. Ele também mostrou as dificuldades de continuar na atividade. “Fomos convocados pelas autoridades a produzir no Cerrado. Agora somos vistos como culpados por todos os males do planeta. Está tudo errado”, reclamou.
De Veranopolis, 170 km da capital gaúcha, o produtor Moacir Mazarollo, também participou do seminário. Segundo ele, aqueles que não apoiam a mudança na legislação ignoram os reflexos danosos nos preços dos alimentos e na sobrevivência de pessoas e municípios, que dependem do setor para arrecadar tributos.
Durante o seminário, especialistas, advogados, parlamentares esclareceram a verdade sobre o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP).