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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Chuva e calor intensos mantêm o Brasil em alerta contra a dengue

O verão acabou, mas os cuidados com a dengue não devem ser interrompidos. A intensificação das chuvas e o calor contínuo, em vários estados, favorecem a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença. A prevenção deve ser mantida, mesmo com a redução de 37% nos casos de dengue, no comparativo entre janeiro e fevereiro de 2011 e 2010. Este ano, até 26 de fevereiro, foram 155.613 casos em todo o país, contra 248.385 no mesmo período do ano passado.


O alerta é do secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Para ele, é fundamental manter as ações de eliminação dos focos do mosquito e ficar atento para o surgimento dos primeiros sintomas da doença – recomendações que valem tanto para os gestores municipais e estaduais de Saúde quanto para a população. “A combinação do trabalho preventivo de cada família com as ações do Poder Público é capaz de reduzir a população do Aedes aegypti e, consequentemente, evitar epidemias”, afirma Jarbas Barbosa.


Entre dezembro e maio, as pessoas devem redobrar os cuidados com suas casas, verificando o armazenamento de água, o lixo e todos os recipientes que possam acumular água e virar criadouros do mosquito. “Além disso, a população deve cobrar das Prefeituras o mesmo cuidado no ambiente público, com o recolhimento regular de lixo nas vias, a limpeza de terrenos baldios, praças, cemitérios e a fiscalização de borracharias”, recomenda o secretário.

De acordo com o último Levantamento do Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado em dezembro de 2010 pelo Ministério, a maior parte dos criadouros do mosquito encontrados nas capitais do Norte e Nordeste estavam relacionados ao abastecimento irregular de água, em depósitos como caixas d’água, tambores e toneis.

No Sudeste e no Sul, predominam os criadouros em depósitos domiciliares, ou seja, dentro da casa ou do ambiente de trabalho das pessoas, em vasos e pratos de plantas, ralos, lajes e calhas. No Centro Oeste, as larvas do mosquito foram encontradas, na maioria das vezes, nos chamados resíduos sólidos, depósitos relacionados ao lixo acumulado.

SOROTIPOS – Existem quatro variações (sorotipos) do vírus da dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Todos estão presentes no país. São transmitidos da mesma maneira (pela picada da fêmea do Aedes), produzem a mesma doença, têm sintomas idênticos e requerem os mesmos cuidados e tratamento.

A diferença é que a pessoa infectada pelo DENV-1, por exemplo, fica imunizada para este sorotipo, mas pode ter dengue novamente, se for infectada pelos outros três sorotipos. E, a cada nova infecção, aumentam as chances de o paciente desenvolver uma forma grave, caso a doença não seja identificada e tratada de maneira rápida e adequada.

“Não é importante, nem para o paciente, nem para o profissional de saúde, saber qual sorotipo está provocando a doença. Isso só vai atrasar o tratamento, pois não mudará em absolutamente nada os procedimentos que o médico deve adotar”, alerta o secretário Jarbas Barbosa.

“Como não existe nenhum medicamento específico contra a dengue, a conduta do médico para os tipos 1, 2, 3 e 4 é exatamente a mesma. Não precisa identificar em todas as pessoas qual o sorotipo do vírus, há outros exames muito mais importantes, como a contagem de plaquetas e o hemograma, para acompanhar a evolução do paciente e evitar agravamentos e mortes”.

Para a população, a recomendação é procurar o serviço de saúde mais próximo se surgirem os primeiros sintomas da doença: febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos. E, fundamental, não tomar remédio por conta própria, pois isso pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico. Além disso, um medicamento inadequado pode contribuir para agravar o quadro do paciente, aumentando a chance de morte.

CIRCULAÇÃO VIRAL – De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, referente ao primeiro bimestre de 2011, o sorotipo DENV-1 é o que mais tem infectado os brasileiros. Esta variante do vírus da dengue foi encontrada em 81,8% das amostras de pacientes que tiveram resultado positivo para dengue.

“Este sorotipo está presente em quase todos os estados. Ele não circulava de maneira predominante no país desde o fim dos anos 90, o que indica que milhões de brasileiros não tiveram contato com o DENV-1 e, consequentemente, não têm imunidade contra ele, aumentando o risco de se infectarem”, explica o secretário Jarbas Barbosa.

Em 11% dos pacientes com diagnóstico confirmado para dengue, o sorotipo responsável pela doença foi o DENV-2; e em 1,8% das amostras positivas havia a presença do DENV-3.

DENGUE TIPO 4 – O sorotipo DENV-4, que não circulava no Brasil desde 1982, quando foi detectado em Roraima, voltou a infectar pessoas no país, em julho de 2010, com o registro de casos em Boa Vista. Em seguida, foram notificados casos também em Manaus, no Amazonas (veja quadro abaixo).

A análise do sangue de pacientes com resultado positivo para dengue, nos meses de janeiro e fevereiro de 2011, mostra que o sorotipo DENV-4 havia sido detectado em 5,4% das amostras – apenas nos estados de Roraima, Amazonas e Pará.

Após esses resultados, já em março, as Secretarias Estaduais de Saúde confirmaram casos de dengue tipo 4 nos seguintes estados: Bahia (2 casos), Piauí (1), Rio de Janeiro (2) e Pernambuco (2). No dia 4 de abril, foi confirmado um caso em São Paulo, pela Secretaria Estadual de Saúde.

Esses casos ainda são considerados suspeitos pelo Ministério da Saúde, que aguarda resultado confirmatório do Instituto Evandro Chagas, de Belém do Pará, laboratório brasileiro de referência para diagnóstico de dengue junto à Organização Mundial da Saúde.

De acordo com o secretário Jarbas Barbosa, a chegada do DENV-4 a outras regiões do país não muda em nada as diretrizes do Programa Nacional de Controle da Dengue. A orientação para estados e municípios que registrarem a presença do novo sorotipo é a mesma para os demais:
Reforçar as medidas de eliminação dos criadouros e do próprio mosquito, com aplicação de larvicidas e inseticidas nos locais onde houver casos suspeitos de dengue tipo 4.
Realização de visitas de agentes comunitários de Saúde em 100% dos domicílios com casos suspeitos ou confirmados pelo DENV-4.
Intensificar ações de limpeza urbana e busca ativa de novos casos suspeitos.

“Não há dúvida de que a circulação do DENV-4 vai ocorrer. A preocupação está no fato de haver circulação de vírus com grande quantidade de pessoas suscetíveis a ele. E isso vale para qualquer tipo, seja 1, 2, 3 ou 4”, enfatiza Jarbas Barbosa. “A predominância ou a recirculação de um sorotipo deve funcionar apenas como mais um argumento para reforçar o que tem sido feito, há anos: combater os criadouros e organizar o sistema de saúde para o atendimento rápido dos pacientes”.

CARTILHA – Para mais informações sobre a doença, acesse o especial “Entenda a dengue”, que o Ministério da Saúde elaborou para explicar, de maneira simples, sua história no Brasil e no mundo, o comportamento do mosquito transmissor e, principalmente, quais as responsabilidades de cada um (setor público, privado e sociedade) no seu combate.

O material informa, por exemplo, que a dengue afeta mais de 100 milhões de pessoas por ano no mundo; que o controle da doença envolve, além do setor saúde, fatores como infraestrutura das cidades, transporte de pessoas e cargas e meio ambiente; e que, enquanto não houver uma vacina disponível, somente uma ação conjunta entre poder público, setor privado e a população poderá ser capaz de controlar a doença. Confira em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/flash/cartilha_dengue.html.
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