Várias marcas de confecção de roupas, tanto de luxo como populares, continuam utilizando uma técnica de jateamento de areia para desgastar calças jeans. Esse procedimento, no entanto, causa graves consequências à saúde dos funcionários que trabalham na produção. A denúncia foi feita nesta quinta-feira (7) pela ONG Declaração de Berna.
Por ocasião do Dia Mundial da Saúde, celebrado hoje, a ONG lançou a campanha Roupa Limpa para exigir que as empresas do setor têxtil parem imediatamente de produzir os “jeans desgastados”.
De acordo com essa ONG suíça - conhecida por entregar todos os anos um prêmio às empresas mais irresponsáveis em questões ambientais - a técnica de jateamento de areia é muito perigosa para os operários. O principal problema é a silicose, uma doença sem cura que afeta os pulmões e que avança "a uma velocidade nunca observada em outros setores de produção", assinala a ONG.
Por isso, a campanha Roupa Limpa pressiona desde o ano passado as empresas do setor têxtil para que proíbam essa técnica. Cerca de 20 marcas já se comprometeram a parar de usar esse método na produção, entre elas algumas famosas como Benetton, C&A, H&M, Levi's e Mango. No entanto, uma grande parte das marcas de luxo ignora esse pedido, com exceção da Gucci, que se comprometeu a proibir a técnica e a estabelecer um sistema de vigilância em coordenação com os sindicatos locais dos países de origem dos trabalhadores.
No entanto, a ONG lamenta o fato de que muitas outras marcas ainda não deram resposta, como Armani, Dolce&Gabbana, Roberto Cavalli e Versace. A marca New Yorker, presente em 31 países com 842 lojas, rejeitou categoricamente eliminar a técnica de jateamento de areia.
Segundo Christa Luginbuhl, coordenadora da campanha Roupa Limpa, é simplesmente “escandaloso” que uma empresa como a New Yorker “continue conscientemente colocando em perigo a vida de seus operários e que marcas de luxo, como a Armani, sigam ignorando nossas exigências.
- As empresas do setor devem renunciar definitivamente a esse tipo de técnica e assumir suas responsabilidades com os vários trabalhadores que já estão doentes.
Os primeiros casos de silicose causados por essa técnica foram reconhecidos na Turquia: dois jovens morreram aos 18 e 19 anos. Eles tinham começado a trabalhar com a técnica aos 13 e 14 anos. Na Turquia já foram registradas 46 mortes por silicose e mais de 1.200 pessoas estão doentes.
Em Bangladesh, a indústria dos jeans está em plena expansão e a situação é quase comparável a da Turquia, assinala a ONG.