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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Nos EUA, calote em cartões de crédito é o maior em 20 anos

O total de calotes nos pagamentos de cartões de crédito nos Estados Unidos atingiu o maior patamar em 20 anos, com até 9% dos clientes inadimplentes em algumas bandeiras. O total de não pagamentos chegou a cerca de US$ 400 bilhões em fevereiro, o equivalente ao dobro das reservas em dólar do Brasil.


Mantido o atual nível de calotes (a expectativa é que ele cresça), as perdas definitivas de empresas e bancos podem chegar a US$ 75 bilhões em 2009. O valor é 60% maior do que toda a ajuda dada pelo Tesouro dos EUA ao Citigroup.

As empresas da área, que antes ofereciam até US$ 100 para o cliente adquirir um novo cartão, agora propõem descontos de até US$ 300 nas dívidas dos usuários. Com uma única condição: que ele cancele o plano e devolva o cartão.

A onda de calotes nos cartões de crédito já está sendo avaliada por alguns especialistas como ameaça tão importante, embora em escala menor, quanto a inadimplência no setor imobiliário (que devastou o sistema bancário nos EUA).

Assim como ocorre com os empréstimos imobiliários, as dívidas dos usuários de cartões também são "empacotadas" em títulos que depois são vendidos no mercado pelos bancos. Se o cliente não paga, esses papéis também viram "ativos tóxicos" --que estão no centro do "entupimento" do sistema de crédito nos EUA.

Em média, os norte-americanos têm hoje cerca de quatro cartões de crédito, um a mais do que há cinco anos. Afundados em dívidas recordes, cerca de 90% dos usuários de cartões rolam seus débitos no crédito rotativo pelo menos uma vez ao ano. Mas 45% o fazem todos os meses. Agora, milhares de consumidores estão simplesmente deixando de honrar até o pagamento mínimo.

Temendo maiores prejuízos, os maiores bancos e operadoras de cartões de crédito nos EUA estão aumentando tarifas e juros para tentar forçar maus pagadores a caírem fora do sistema. Ou cortando abruptamente tanto o crédito disponível quanto os planos de acúmulo de pontos para passagens aéreas. Na maioria dos contratos, o rompimento unilateral pelo banco faz parte do jogo.

Meredith Whitney, analista de Wall Street e especialista em cartões de crédito, acredita que, diante das perdas, os bancos e empresas de cartões tendem a cortar pela metade, até o final de 2010, a oferta de crédito no sistema norte-americano. Hoje, o mercado de cartões movimenta US$ 5 trilhões por ano (quatro PIBs brasileiros).

Se isso ocorrer, será um baque de imensas proporções para consumidores e empresas.

Mas o corte nas linhas de crédito já afeta diretamente as pequenas empresas. Segundo a NSBA (Associação das Pequenas Empresas Americanas, na sigla em inglês), cerca de metade das firmas com menos de 500 funcionários no país usam os cartões de crédito como instrumento de capital de giro.

"Cerca de 30% das empresas que consultamos em uma pesquisa recente apontaram diminuição no limite de crédito imposto pelos bancos", afirma Todd McCracken, presidente da NSBA, que tem 150 mil associados nos EUA.

Para Moshe Orenbuch, analista do Credit Suisse, as empresas não apenas temem um novo "tsunami" de calotes na área como estão cortando crédito e cartões para reduzir custos. "As ações também visam manter a lucratividade do negócio, pois há uma combinação de perdas maiores e dificuldade em obter dinheiro no mercado para financiar os cartões", diz.

No Citigroup, maior emissor de cartões com a bandeira MasterCard nos EUA, a inadimplência saltou de 6,9% em janeiro para 9,3% em março. Na American Express, o aumento foi de 8,3% para 8,7%.

Apesar do volume recorde de calotes, o Citigroup está preparando o lançamento de US$ 3 bilhões em títulos lastreados em dívidas de cartões. Desta vez, porém, se seus clientes falharem é o contribuinte quem vai pagar a conta. Todos os papéis terão como garantidor final o Tesouro dos EUA.
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