A noite desta segunda-feira, 30, ficará marcada na história de Campo Novo do Parecis (394 km a Noroeste de Cuiabá). Centenas de servidores públicos, vestidos de luto, foram às ruas para manifestar contra o que eles chamam de perseguição estabelecida pelo atual prefeito do município, Mauro Valter Berft (PMDB).

Caixão preto, vela e ‘apitaço’ tomaram as principais avenidas da cidade. Os manifestantes gritavam: “Acorda Campo Novo” – uma alusão ao jargão que Mauro e seu vice, Teodolino Guedes (PSDB), vociferavam na campanha à Prefeitura Municipal em 2008.

No caixão eles enterraram a dignidade do funcionalismo municipal, que segundo eles está sendo perseguido, agredido e impedido de desempenhar a sua função. Em faixas, dizeres como: “O servidor municipal manifesta a insatisfação e decreta com este ato, luto pelo sucateamento do serviço público municipal” e “Este é o impacto de um gestor inerte e agressivo”.

“Já demos um prazo para ver se este gestor fazia alguma coisa, mas já se passaram dois anos e meio e nada. Apenas a pedra fundamental de um frigorífico. Enquanto os funcionários trabalham sem condições, o IPTU aumenta, a taxa do lixo e da água aumenta e a população pensa que a culpa é do funcionalismo”, disse Nedilson Maciel, presidente do Sindicato que representa a categoria.

Após percorrer as três principais avenidas da cidade os manifestantes chegaram até a Câmara Municipal, onde cantaram o Hino Nacional Brasileiro e conversaram com seis dos nove vereadores do município. “Que fique claro que não estamos culpando o legislativo, apenas queremos apoio para exigir mais respeito a este gestor que aí está”, disse Nedilson.

A presidente da Câmara Municipal, Edlamá Batista Marques (PR) recebeu um documento com as reivindicações da categoria e prometeu que irá analisar e levar às mãos do prefeito. “É lamentável chegar a este ponto. Sou à favor do diálogo e sou solidária à vocês e a este ato democrático”, disse ela.

Mauro foi eleito em 2008 utilizando como discurso a renovação da política local – no palanque o peemedebista pregava o fim de uma era de governos liderados por produtores rurais. Desde que assumiu ele baixou vários decretos, em um deles o prefeito determina que os servidores não podem se ausentar do trabalho para se qualificar; em outro, o funcionário só pode sair de férias após dois anos vencidos.

A reportagem do Olhar Direto tentou sem sucesso falar com o prefeito.