Apesar de listar avanços na sua gestão como construção de creches, escolas e unidades de saúde, a vinda de indústrias gerando mais empregos, investimentos em rede de esgoto e universalização de água canalizada, o prefeito Zé Carlos do Pátio sofre com rejeição no município. Conforme o ranking KGM de Aprovação Popular dos Prefeitos de Mato Grosso, pelo terceiro ano consecutivo ele está entre os piores gestores do Estado, na avaliação dos rondonopolitanos. Dos 50 prefeitos avaliados, ele saiu do 47º lugar para 38º na edição 2011, ainda longe do ideal.
Forte oposição, a falta de investimentos em comunicação para divulgação de suas ações de governo e a cultura de Rondonópolis de ser uma cidade politizada, em que os seus moradores identificam-se com grupos políticos, tomando partidos e com uma avaliação crítica dos seus governantes, tem sido empecilho para um dos ex-deputados mais polêmicos da Assembleia Legislativa levar tantas bordoadas na pele de prefeito. “Eu pensei que o mais difícil seria ganhar a eleição”.
Pátio recebeu o
Olhar Direto para um raio-X de sua gestão e as críticas de seu governo.
OD - Pensando na industrialização da cidade, a prefeitura vai ampliar mais os distritos industriais?
Pátio – Estamos implantando dois distritos industriais novos, no ano que vem chega a ferrovia. Nós já temos três e agora vai para cinco distritos industriais. Estamos montando um ao lado da ferrovia e outro na Vila Operária. Não podemos olhar a cidade com visão obtusa. Teve muita gente que usou muito a nossa cidade e isso não vou aceitar mais. Nós vamos fazer medidas rígidas, eu, inclusive, implantei o Conselho de Desenvolvimento Urbano para discutir que cidades que queremos no futuro.
OD – Quantas empresas que já manifestaram interesse em se instalar na cidade?
Pátio – Hoje temos mais de 18 empresas vindo para cá aqui e outras mais querendo se instalar, ninguém segura essa cidade, é muita indústria. Para se ter uma idéia, o Noble Group vai investir U$ 200 milhões, uma indústria de esmagamento de soja e uma indústria de biodiesel. A TBM que ajudamos a comprar a área, levar energia, fazer terraplanagem, terminou a obra agora e vai gerar mais de 500 empregos. Nós temos a Big Master, que vai gerar mais de 400 empregos diretos, temos a Facchini, a primeira indústria metalúrgica em Rondonópolis que vai gerar mais de mil empregos. Ela vai comprar aço em Cubatão (SP) e executar aqui porque somos a capital do bitrem. A cidade esta passando por um momento muito positivo.
OD – O que a cidade tem oferecido aos industriais em termos de qualidade de serviços? Acesso a rede de esgoto, por exemplo, é um problema crônico em Mato Grosso.
Pátio - Nós somos a cidade com o maior índice de esgotamento sanitário de Mato Grosso. Peguei uma cidade com menos de 20% de rede de esgoto, acho que até o final de 2012 vamos alcançar 70% a 80% de acesso a rede de esgoto. Também pretendemos universalizar em 100% o acesso a rede de água tratada, estamos passando de 300 mil litros por segundo para mais de um milhão de litros por segundo. A Estação de Tratamento de Água será triplicada com a troca dos reservatórios de 500 mil litros para 2,5 milhões de litros. Estamos agora aguardando uma decisão do Conselho Estadual do Meio Ambiente para decidir sobre o nosso EIA/Rima se vamos ter condições de montar o nosso aterro sanitário.
OD – Porque a decisão de colocar recursos do município na duplicação da BR-364, se o Dnit já está realizando a obra?
Pátio – Estou bancando ela junto com o governo federal, porque justamente é uma questão de logística. Compreende o trecho da Polícia Rodoviária Federal (PRF) até o córrego do Lourencinho, dentro do perímetro urbano.
OD – São quantos milhões aplicados pela prefeitura?
Pátio – A obra toda são R$ 54 milhões. O município entra com a contrapartida. Depois teremos do Trevão até a ferrovia. Também investimos no aeroporto aumentamos a capacidade de mil passageiros para cinco mil passageiros mês após a ampliação. Nós estamos com vôos diretos de Rondonópolis a São Paulo, através de São José do Rio Preto e Ribeirão Preto. Agora estou acertando vôos com aeronaves grandes para Goiânia e Brasília, para evitar que as pessoas sejam obrigadas a se deslocar até Cuiabá para poder viajar. Hoje são duas empresas investindo na cidade (Trip e Passaredo) e outras estão querendo vir.
OD – Como a cidade está se preparando para uma nova leva de pessoas chegando em Rondonópolis com a geração de empregos, um boom populacional, nas áreas de saúde, educação, creches?
Pátio – Acabei de licitar duas escolas municipais, estou licitando mais três creches, construí três creches, entregue a quarta e estou licitando a quinta. Em 2009 doei ao Estado de Mato Grosso três áreas para fazer três escolas estaduais. Se colocar todas essas unidades em funcionamento, vamos avançar muito. Maior problema de Rondonópolis não é emprego, é qualificação. A sociedade ta sentindo que precisa estudar, há 2500 alunos matriculados no EJA (Educação de Jovens e Adultos). Já estou licitando o novo Pronto-Socorro e uma nova policlínica da Vila Operária. Terminamos o Hospital da Mulher, mas estamos sem recursos para equipá-lo. Não consegui apoio nem do Estado e nem do governo federal. São cinco novos PSFs e reformas em todas elas.
OD – Prefeito, o que se fala por aí é que a cidade está estagnada, suja, feia, nem de perto comentam-se os aspectos positivos de sua gestão. Onde está o problema? A sua oposição que é muito eficiente em denegrir ou sua equipe é falha em não conseguir divulgar os feitos?
Pátio – Eu comecei minha vida pública há mais de 20 anos como vereador, sempre a sociedade teve muita confiança em mim como homem público, como cidadão e sempre tivemos respeito, fui deputado, estou no meu sétimo mandato eleito pela sociedade rondonopolitana. Eu pensei que o mais difícil seria ganhar a eleição em Rondonópolis porque disputamos eleição contra tudo e contra todos. Éramos seis deputados estaduais e os meus cinco colegas apoiaram o outro candidato e era uma estrutura muito grande, mas depois que nós ganhamos, eu senti a resistência de todos os setores. O que eu espero é o reconhecimento da sociedade, vou continuar recebendo esse bombardeio porque a oposição é muito forte, mas o que eu quero é que a sociedade pense e não analise os discursos individuais, mas que faça o senso critico dela. Tem escola nossa com média IDEB 5,8 em 2010, onze antes chegando à média projetada para 2021.
OD- Mas por que não se comentam isso? Por que essa rejeição ao senhor?
Pátio – Acho que o defeito é meu. Eu achava que as pessoas reconheciam o meu trabalho pelos gestos, pelas atitudes, pelas minhas posições. Vejo que cada vez mais temos que investir em comunicação. Outra coisa é a não aceitação ocasionada pela posição, quanto na verdade, temos uma cidade extremamente politizada e polarizada. Os movimentos sociais daqui têm posicionamentos bem definidos. Quem lidera os movimentos dos trabalhadores rurais em Mato Grosso? É Rondonópolis. Quem lidera a Famato no Mato Grosso? Rondonópolis. É uma sociedade plural, de posições definidas e extremamente crítica e bem definida.
OD – Um grupo político não reconhece o trabalho do outro?
Pátio – Não, eu diria que é uma questão de você ter uma definição de rumo e algumas pessoas tem outra definição de rumo. Não acredito que seja por uma questão de gestão, mas por uma questão política. Hoje há um respeito institucional, um respeito entre as instituições. Eu tenho minoria na Câmara de Vereadores e respeitam o poder executivo e debatem. Na semana passada reprovaram três projetos meu e me reuni com os vereadores, debati, fizemos alterações e nos entendemos. As pessoas vêm para o debate. Eu regulamentei o aeroporto, que não pagava imposto, é isso que alguns setores têm resistência a mim porque quero tratar todos iguais. Se você quer moralizar, quer avançar e as pessoas perdem direitos companheira, ninguém fica do lado do gestor.
