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Domingo, 28 de julho de 2024

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No Warm Up, em Ilhabela, Bruno Prada fala da campanha na Star

Foto: Edu Grigaitis

Prada no timão do Oakley/Max, na HPE25

Prada no timão do Oakley/Max, na HPE25

Aproveitando uma brecha na campanha olímpica para Londres/2012 na classe Star, em que faz dupla com Robert Scheidt, Bruno Prada está em Ilhabela, para a disputa do Brasileiro de HPE25, classe da vela oceânica. Timoneiro do Max/Oakley, Prada defende o título brasileiro no veleiro comandado por Anderson Biason, que também tem na tripulação Juan de La Fuente e Nicolas Brancher. O Brasileiro de HPE25, que segue até este sábado (25/6) está sendo disputado paralelamente ao Warm Up, válido pela segunda etapa da Copa Suzuki Jimny de Vela Oceânica. Na sequência, de 3 a 9 de julho, Prada vai correr a Rolex Ilhabela Sailing Week, também na HPE25.


Em Ilhabela, o proeiro de Scheidt na Star, medalhista olímpico em Pequim/2008, líder do ranking mundial da Star e campeão da Copa do Mundo da Federação Internacional de Vela (Isaf), falou sobre a disputa na HPE25, da campanha na Star, da programação para o restante da temporada, da possibilidade da reinclusão da classe Star no programa dos Jogos do Rio, em 2016, da família, dos negócios e de patrocínio. Confira os principais trechos da entrevista de Bruno Prada.

A disputa na HPE25
A HPE25 é um projeto secundário, o principal é a campanha olímpica. A classe se desenvolveu muito ao longo dos dois últimos anos e estamos chegando ao ponto de ter especialistas na categoria, quem só veleja na HPE25 e se dedica bastante. Como eu estava na Europa com o Robert, só treinamos quatro dias aqui, com vento mais fraco, sem onda, condição totalmente diferente do primeiro dia de competição (o Max/Oakley terminou em quinto lugar). Fazia dez meses que eu não velejava de HPE25 e no esporte não tem mágica. Você tem de se dedicar, de se preparar para os eventos. Ainda podemos tentar ficar entre os três. O nosso objetivo maior é a Rolex Ilhabela Sailing Week, principal evento da vela oceânica do Brasil. O Brasileiro está servindo como preparação.

Semelhanças entre HPE25 e Star
São dois barcos de quilha, acima de 700 kg, têm inércia na hora da largada. O timing da largada, as manobras, tudo isso ajuda muito. Com certeza o Star me ajuda mais no HPE25 do que o HPE25 me ajuda no Star, mas estar na água, olhando para fora, exercitando a cabeça para as rajadas, as mudanças climáticas ajuda sempre, na Star ou na HPE25. E tem de lembrar que na Star são dois velejadores e já velejo com o Robert há dez anos. É outra coisa velejar no HPE25, com quatro tripulantes.

Desempenho na Star
A dupla está num momento muito bom. Não sei se dá para falar que é nosso melhor momento, porque em 2007 fomos campeões mundiais, em 2008 ganhamos uma medalha olímpica, que também é uma coisa muito especial, mas este ano pré-olímpico tem sido fantástico. Está muito acima da nossa expectativa. Começamos a campanha olímpica em tempo integral em setembro de 2010. Imaginávamos que íamos começar a ter os resultados no começo de 2012 por causa da chegada do novo barco. Realmente, nosso ano está fantástico, acima da média.

Laboratório na Star
Este ano, já corremos com um P-Star (americano), um Mader (alemão), um Folli e um Lillia (italianos). Nos propusemos a fazer esse laboratório com equipamentos diferentes e acho que estamos evoluindo muito como dupla e velejadores da Star. Quando se tem de velejar com barcos diferentes, todo dia você tem de achar uma solução para o barco andar a mesma coisa que o outro andava, você percebe qualidades que um barco tem e quer puxar para o outro. Foi uma clínica para aprendermos cada vez mais a velejar de Star. Agora, estamos entre o Folli e o P-Star, que tem muito a ver com as características de velejar do Robert. Vamos decidir até o final do ano.

Adversários na Star em Londres/2012
Os 16 que vão para a olimpíada vão muito fortes, até o país-sede tem o Iain Percy e o Andrew Simpson, atuais campeões olímpicos. Hoje, eu definiria como concorrentes diretos o Fredrik Loof e o Max Salminen (Suécia), o Percy e o Andrew, o Mateusz Kusznierewicz e o Dominik Zycki (Polônia) e o Diego Negri e o Enrico Voltolini (Itália). Hoje, são esses que estão sempre ali entre os cinco, brigando, mas temos neozelandeses, americanos alemães, todos muito fortes. A classe Star é muito, muito forte. O pior que vai para a Olimpíada ou é campeão mundial, ou já foi campeão mundial, ou foi vice mundial, ou tem uma medalha olímpica. Na Star não tem favorito e vamos brigar contra 15 na Olimpíada, se nós formos para a Olimpíada. Ainda temos de passar por um pequeno funil, contra o Torben e o Lars (Grael) e o Brasil ainda precisa conquistar a vaga para Londres/2012.

O segundo semestre na campanha olímpica
Volto dia 18 para a Europa. O barco novo acabou de chegar, o Robert deve ir buscar entre hoje e amanhã na França. Vamos fazer dez dias de treino no Lago di Garda, na Itália, junto com o Loof, que é um dos nossos grandes rivais, mas também um grande parceiro de treinos. Depois, vamos para Weymouth. Fazemos uma adaptação de cinco dias lá antes do evento-teste para Londres/2012, exatamente no mesmo período que a Olimpíada, nas mesmas condições que a Olimpíada. Vai ser um teste muito bom, só com uns 18, 20 barcos, bem perto do formato olímpico. Devemos ir para a Irlanda no começo de setembro, para o Europeu. Depois, tem o Italiano no final de setembro, em Garda mesmo, e, no fim de outubro, o Hemisfério, em Búzios. Vamos tentar trazer o Loof para correr aqui, ele está com muita vontade de vir. Vai ser um evento ótimo para treinar, porque o objetivo principal é o Mundial de Perth, em dezembro. Se conseguirmos cumprir toda essa programação, vamos chegar muito fortes no Mundial para lutar pela vaga para o Brasil na Olimpíada.

Star no Rio/2016
Essa parte política da classe Star está na mão de gente muito competente. O Nuzman (Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB) está cuidando desse assunto pessoalmente. Então, prefiro velejar, fazer minha parte dentro d’água e deixar as pessoas são especializadas em lobby, em política, em fazer a Star voltar, trabalharem. Eles sabem o que estão fazendo, está em ótimas mãos. Tenho certeza de que a Star tem grande chance de voltar. Eu tenho o lado torcedor de querer a Star no Rio/2016 e também o lado de interesse mesmo, porque é a classe em que eu velejo. Meu feeling é de que a Star volta.

Patrocínio
Nosso momento na Star ajuda muito. Ser número 1 do ranking mundial, ganhar a Copa do Mundo, ganhar eventos chama a atenção dos patrocinadores. Não quer dizer que vamos fechar patrocínio, mas abre portas, é um cartão de visita. A Oakley, por exemplo, é nossa parceira há quatro anos. Ela nos dá uma ajuda muito grande nessa parte de óculos, que é muito importante. Já estamos desenvolvendo um modelo de óculos para Weymouth, onde é nublado, a claridade é completamente diferente. Então, estamos desenvolvendo uma lente mais amarela, óculos que não embacem. Um é complemento do outro. Eles estão vindo aí nesse projeto do HPE25, patrocinando o Max, mas, com certeza, na onda da classe Star.

Família
Eu brinco que a minha esposa é viúva de marido vivo porque eu apareço em casa muito pouco. Mas ela também é atleta, sabe o esforço que estou fazendo, sabe entender esse tipo de coisa. É muito ruim não poder estar em casa, não ver os filhos crescerem, Cada vez que eu volto eles cresceram 1, 2 centímetros, mudaram. É um sacrifício, mas na vida não dá para ter tudo, é preciso abrir mão de algumas coisas. E daqui a pouco vamos ficar velhinhos, não vai ter mais campanha olímpica, tem de aproveitar cada fase da vida. Eu estou numa fase em que ainda tenho a capacidade física de fazer uma campanha olímpica. Tenho de aproveitar. Na parte dos negócios, é horrível estar muito tempo fora, nem sempre as coisas estão boas. Tenho sorte de ter bons parceiros de negócios, honestos, sérios, e isso ajuda bastante. O ideal seria fazer uma coisa só, mas ainda não dá.
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