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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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construção de observatório

Astrônomo critica participação do Brasil na construção de observatório

O astrônomo João Evangelista Steiner, da Universidade de São Paulo (USP), criticou durante a 63ª reunião da Sociedade Brasileira...

O astrônomo João Evangelista Steiner, da Universidade de São Paulo (USP), criticou durante a 63ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Goiânia, o acordo de cooperação entre Brasil e Europa para o Observatório Europeu do Sul (ESO), pelo fato de o texto ser confidencial e subsidiar, na visão dele, apenas a tecnologia e ciência europeias.


“Nunca soubemos o que está nesse acordo. O MCT [Ministério da Ciência e Tecnologia] não vai arcar com esses recursos, porque eles não existem”, disse Steiner. Segundo ele, há propostas mais baratas, inteligentes e de maior impacto cientifico, tecnológico e industrial para o Brasil.

A parceria vai demandar um investimento brasileiro de 256 milhões de euros em dez anos, para construção e manutenção de telescópios. Ao todo, o projeto receberá 115 milhões de euros por ano até 2020. Deste total, 90% será destinado à construção do Extremely Large Telescope, de 42 metros de diâmetro, no Chile.

“Temos que investir em programas viáveis. A astronomia foi uma das áreas em que menos se investiu”, afirmou o professor da USP.

Debate
Steiner e o astrônomo Kepler de Oliveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), participaram de um debate sobre o projeto. Na opinião de Oliveira, o acordo será positivo para o Brasil e vai aumentar a divulgação de trabalhos nacionais em revistas científicas.

“O ESO é um programa com grande número de publicações. Os observatórios de La Silla e Paranal [também no Chile], por exemplo, geram cerca de 300 publicações por ano”, destacou o professor da UFRGS. La Silla tem 42 anos e Paranal, 13. Somente no ano passado, os dois observatórios publicaram 15 artigos nas revistas científicas "Nature" e "Science".

Para Oliveira, o Brasil tem 640 astrônomos em 60 instituições. Desses, 300 estão contratados, 285 têm pós-graduação (mestrado ou doutorado) e 55 são PhDs. Comparativamente, o número de astrônomos no país é menor que o da Holanda e apenas 1% da produção científica brasileira é feita pelos físicos, afirmou Steiner, que tem opinião contrária a Oliveira.

Ele afirmou que não está preocupado com a imagem do Brasil junto aos europeus, mas sim com a sociedade brasileira. “Estamos desmoralizando a ciência para a população. Precisamos de mais responsabilidade, projetos que façam mais sentido e tenham um embasamento mais razoável e mais transparente”, ressaltou.

Para ele, a astronomia e a física no Brasil cresceram muito menos que as ciências agrárias, biológicas e da saúde. “De 1970 a 2000, houve um aumento exponencial, com taxa média de 11% ao ano. A partir do ano 2000, porém, essa elevação passou para pouco mais de 1% ao ano”, disse.

Outros defensores da inclusão do Brasil no ESO afirmam que as negociações com cada país são sigilosas, e o Brasil teve um grande “desconto” para entrar no projeto, o que ficaria claro para EUA e Rússia caso o texto fosse de domínio público.
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