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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Quase a metade da frota do Samu no Rio de Janeiro está parada

Enquanto a dona de casa Daniele Conceição Bispo, 23 anos, deu à luz na estação de trem de Campo Grande e depois teve de ir ao hospital de ônibus, pelo menos 79 ambulâncias do Samu e do Corpo de Bombeiros estão sem funcionar no Rio de Janeiro. Só no quartel de Guadalupe há 51 paradas.


A Secretaria de Defesa Civil do Estado admite que 29 das viaturas que atendem exclusivamente a capital estão quebradas - uma delas estaria em Guadalupe. O número representa 40% do efetivo de ambulâncias que atendem todo o Município do Rio - 74 veículos. As outras 50 ambulâncias do Samu inoperantes, afirma a secretaria, seriam de "outros municípios".

Bombeiro que atua no quartel de Guadalupe e não quis ter seu nome revelado contou à Band News, e depois ao Dia, que as ambulâncias quebradas em Guadalupe estão estacionadas no pátio da unidade há cerca de dois meses.

A secretaria admitiu que, de fato, não há prazo para que os veículos sejam consertados - já que "cada caso requer um tempo". Mesmo assim, alegou que "novo contrato para manutenção das viaturas já foi assinado pelos bombeiros".

À mercê da sorte
Na prática, isso significa que outras mulheres poderão reviver o drama de Daniele e o marido, Rafael Nascimento Araújo, 20 anos. "Foram duas horas de desespero. Funcionários da SuperVia começaram a chamar o Samu às 12h40", contou Rafael. "Ninguém veio. O parto do meu filho, Rafael Guilherme, só foi feito porque uma técnica de enfermagem ajudou. Depois, foi um sufoco para ir ao hospital. Um motorista de ônibus nos levou", completou.

Secretaria vai investigar
A Secretaria de Defesa Civil do Estado informou que, na hora que a família solicitou o atendimento, das quatro ambulâncias do quartel de Campo Grande, três estavam em atendimento externo e uma quebrada. O órgão afirmou que abriu sindicância interna para apurar a demora no envio de um veículo de outra unidade, e que o resultado deve sair em 10 dias.

Enquanto isso, Daniele e seu bebê, que nasceu com 4,5 kg, se recuperam no Hospital Estadual Rocha Faria. Rafael Guilherme está estável, internado na CTI Neonatal, e já respira sem ajuda de aparelhos. Mas, devido a problemas respiratórios, ainda não pode ser diretamente amamentado pela mãe. Daniele está na enfermaria e passa bem.

"Só pensava em salvar o bebê e a mãe", Maria Aparecida Silva, técnica de enfermagem
A mulher que mudou a história da família do bebê Rafael Guilherme voltava para casa, em Duque de Caxias, após passar a manhã em busca de emprego. Maria, que terminou o curso técnico de Enfermagem no fim do ano, diz que Deus a "empurrou" para estação de trem de Campo Grande.

O Dia - Como você resolveu ajudar? Alguém te chamou?
Maria Aparecida Silva - Meu filho viu os funcionários da SuperVia nervosos e perguntou o que estava acontecendo. Quando disseram que uma mulher estava em trabalho de parto, eu não tinha outra opção a não ser ajudar. Fiquei preocupada porque não tinha luvas, nenhum material. Passei álcool gel nas mãos e, quando vi, a cabeça do bebê já estava saindo.

O Dia - No que você pensou?
Maria Aparecida - Eu só pensava em salvar aquele bebê e a mãe. Eram duas vidas nas minhas mãos. Fiz o que meu coração mandou. Acho que foi Deus que me empurrou para a estação, porque geralmente eu volto para casa de ônibus.

O Dia - Você já tinha feito ou visto um parto?
Maria Aparecida - Nenhum. Fiquei muito nervosa. Eu tremia por dentro, mas as pessoas não percebiam. Ontem, não consegui dormir lembrando. Fiquei emocionada.

O Dia - O que você fez após o parto?
Maria Aparecida - Meu filho, que é diabético, começou a passar mal. Peguei o primeiro trem. Não deu tempo para nada.

O Dia - O Samu demorou?
Maria Aparecida - Quando cheguei, o pai do bebê disse que tinha ligado algumas vezes. A saúde está muito precária.
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