Enviar diariamente lembretes a trabalhadores da saúde, por meio de mensagens de texto no celular, aumenta o número de crianças com malária tratadas corretamente, segundo um estudo feito no Quênia. Em seis meses, a melhoria chegou a 25%.
A pesquisa, que será publicada pela revista especializada em ciência "The Lancet", mostra como uma solução barata pode ajudar os médicos a tratar da doença conforme os padrões nacionais indicados.
Na África, a prescrição de tratamento antimalária por agentes locais visa garantir que o paciente continue tomando o medicamento, mas a conformidade com as linhas gerais a serem seguidas pelos médicos continua baixa, mesmo com a introdução de mudanças na intervenção médica e clínica.
Entre março de 2009 e maio de 2010, 119 trabalhadores da saúde foram registrados em 107 instalações rurais no Quênia para receber as mensagens. Os textos contêm recomendações sobre o tratamento pediátrico, manuais de tratamento, além de notas motivacionais.
A análise do tratamento de crianças que receberam os tratamentos mais eficazes contra malária, combinações contendo derivados da artemisinina (ACTs), mostrou que as mensagens de texto melhoraram imediatamente em 23,7% o trabalho dos médicos e, em 24,5%, após seis meses.
Além disso, houve aumento substancial no número de pacientes que receberam a primeira dose de ACT em uma instalação local e no número dos que continuaram a seguir corretamente o tratamento.
“Nossa intervenção conseguiu melhorar a qualidade do tratamento dado a crianças com malária, mas resultou em apenas metade das crianças corretamente tratadas. A partir de agora, nós recomendamos que as mensagens de texto sejam usadas como complemento às atuais intervenções médicas”, dizem os autores do estudo.
Bob Snow, que lidera o grupo em Nairobi, afirma que “a simplicidade e o baixo custo das mensagens significam que a aplicação desse método pode ser feita de forma rápida e eficaz”. “O custo da mensagem no Quênia chega a US$ 0,01, resultando num custo de US$ 2,6 por trabalhador, ou US$ 39 mil se estimarmos os 15 mil trabalhadores de saúde em todas as instalações rurais do país”, completa.
